Quando fundaram os Beatles (jogo de palavras entre "beat"/ritmo e "beetle"/escaravelho), no início de 1960, John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr eram quatro jovens de famílias operárias de Liverpool como tantos outros, a não ser por sua paixão comum pelo rock, a música importada do outro lado do oceano, da qual Elvis Presley era o rei indiscutível.

O grupo fez suas primeiras apresentações nos clubes noturns de strip-tease de Hamburgo (Alemanha) e em The Cavern, clube de Liverpool, onde foi descoberto por seu futuro representante, Brian Epstein. Epstein os apresentou às gravadoras londrinas e o conjunto assinou um cntrato com Parlophone/EMI, selo no qual encontraram o artífice de seu sucesso artístico, George Martin, um mago dos arranjos, a quem se daria posteriormente o título simbólico de "quinto Beatle".

Martin, dotado de um sentido musical inigualável, soube dar vida às melodias surgidas da imaginação dos geniais autodidatas que eram Lennon e McCartney, compositores de excepcional talento. "Love me do", seu primeiro 45 rpm, só conseguiu a posição 17 na hit-parade inglesa no final de 1962, mas essa foi a última vez que os Beatles ocuparam um lugar tão modesto nas classificações.

Em fevereiro de 1963, "Please, please me" liderou as paradas britânicas, primeiro lugar que os Beatles continuaram ocupando regularmente durante os sete anos de existência do grupo. O advento dos Beatles coincidiu com o da juventude surgida da ikmediata jpós-guerra, a que desfrutou e depois rechaçou os exageros da sociedade de consumo.

Os Beatles foram, junto com seus "rivais" os Rolling Stones, os consumidores da trilha sonora da época. Mas, além da música, foram também os porta-vozes e os símbolos de grande parte dessa juventude.

Os Quatro de Liverpool deveram essa capacidade de representar sua época a seu elemento mais carismática, turbulento John Lennon, que não vacilou em proclamar em março de 1966: "Os Beatles são mais famosos do que Jesus Cristo".

A imaginação e a poesia de Lennon foram maravilhosamente complementadas pelo gênio melódico de McCartney, autor em particular - entre suas aproximadamente mil composições - da canção mais difundida na rádio em todo o século, "Yesterday", cujas notas concebeu em sonhos e cujo primeiro título era sumamente prosaico, "Scrambled eggs" ("Ovos mexidos").

A simpatia do baterista Ringo Starr, o "humorista" do conjunto, e os fulgores do benjamim de George Harrison (autor de um punhado de grandes composições, como "Something", completaram essa alquimia única de quatro personalidades.

Os Beatles fizeram o rock (que ainda se chamava "pop music") entrar na idade adulta, produzindo o que, 32 anos depois de seu aparecimento, continua sendo a essência da música popular, o disco "Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band". Os Beatles se separaram no dia 15 de junho de 1970 e cada um deles iniciou uma carreira pessoal.

A "beatlemania" nunca desapareceu e muitos evocavam regularmente o acontecimento que seria a reconstituição do conjunto mais famoso do planeta com Julian ou Sean Lennon em substituição a seu pai. Mas em relação a tais idéias, George Harrison havia respondido: "Os Beatles jamais se recomporão enquanto John Lennon estiver morto".

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