A banda norte-americana de heavy metal, Savatage (famosa por suas óperas-rock), concedeu uma entrevista coletiva à imprensa em São Paulo sobre a turnê de lançamento do CD Poets and Madmen, regada à caipirinha e muita risada. Os seis integrantes – Jon Oliva (vocal e teclado), Johnny Lee Middleton (baixo), Chris Caffery (guitarra), Jack Frost (guitarra), Damond Jiniya (vocal) e Jeff Plate (bateria) – exibiram um bom humor raro de se ver e a conversa com os fãs, ao final, durou mais tempo do que própria entrevista.Como não poderia deixar de ser, a coletiva de imprensa do Savatage (no Brasil pela terceira vez), realizada na última quarta-feira, em São Paulo, começou com uma brincadeira do guitarrista, Caffery, perguntando há quanto tempo estávamos na Austrália e o complemento: “Aqui não é a Austrália!?â€.
A segunda pergunta, desta vez de verdade, foi sobre a polêmica saÃda do vocalista, Zak Stevens, em novembro do ano passado, após 8 anos de banda, para dedicar mais tempo à famÃlia. John Oliva (“dono da bolaâ€) explicou que Zak ficou apenas um ou dois dias com o grupo, enquanto compunham as músicas do Poets and Madmen, e quando foram gravar, não pôde participar integralmente, por isso decidiu sair. A separação foi acordada por ambas as partes, com direito a desejo de boa sorte na nova empreitada do cantor e saudade dos que ficaram.
Despedidas à parte, o Poets é um CD conceitual que mistura ficção (três adolescentes invadem uma instituição psiquiátrica abandonada e encontram o prontuário médico de um paciente muito especial) com a história real do fotógrafo Kevin Carter, ganhador do prêmio Pulitzer de jornalismo pela foto da menina africana famélica espreitada por um urubu.
“Trata-se de um álbum muito diferente dos dois últimos: Dead Winter Dead (sobre a guerra na Iugoslávia) e The Wake of Magellan (sobre colocar à prova o valor real da vida), pois ambos começaram com uma história e só depois vieram as músicasâ€, contou Oliva. O Poets não: as músicas foram compostas antes, enquanto o produtor, Paul O'Neill, estava entretido com outro projeto da banda, a Trans-Siberian Orchestra – caracterizada por unir o heavy metal a arranjos orquestrados – e só então veio a história. Fato que possibilitou maior liberdade entre uma faixa e outra, facilitando as apresentações ao vivo.
A idéia partiu da foto que O’Neil mostrou aos rapazes, seguida do relato sobre a vida do fotógrafo – após o clic que levou a fome endêmica, há muito responsável por assombrar o continente africano, à s capas de todos os jornais e pôsters de campanhas filantrópicas pelo mundo –, e tem muitos significados. Interpretações diversas, abertas à imaginação de cada um (além da foto propriamente dita, escondida embaixo da base que prende o CD). “A próxima vez vai ser tudo sobre sexoâ€, brincou Oliva. “E as fotos serão... deixa pra láâ€, completou o engraçadinho Caffery.
Voltando à polêmica “vocalistaâ€, o tecladista explicou que o set do Savatage é muito “pesado†para ser cantado por uma única pessoa e justificou a escolha de Damond (em março deste ano) para dividir o microfone: “As turnês são longas, preciso de tempo para descansar, mas ainda assim estou cantando mais do que na época do Zakâ€.
Damond, por sua vez, afirmou ter tido uma boa aceitação do público e se adaptou bem à banda, pois já gostava da música do Savatage. Sobre a mudança radical de estilo ao abandonar o antigo projeto, Diet of Worms (marcado por um som mais eletrônico), o vocalista brincou que, além da distinção de público, o pessoal do Savatage bebe mais.
Tamanha versatilidade musical se deve ao fato do novato possuir o dom de cantar facilmente as músicas tanto de um, quanto de outro vocalista – segundo Oliva, o principal motivo de sua escolha para a substituição. “Ele tem capacidade para fazer várias vozes, não querendo diminuir o Zak, pois é um vocalista brilhante; com isso, podemos investir em coisas diferentes, novasâ€, explicou um tanto quanto excitado.
O próximo álbum ainda depende da definição do estilo, mas deverá ser dividido (“vocalicamenteâ€) da mesma forma. “Hoje, muita coisa no Savatage é feita junta, principalmente da fase antiga, e queremos colocá-las no próximo trabalhoâ€, antecipou Oliva.
Ainda na prateleira de “projetos futurosâ€, ele revelou a possibilidade de lançarem um CD ao vivo desta turnê, entre setembro e outubro, antes do novo Trans-Siberian Orchestra chegar ao mercado. “Queremos agendar duas ou três datas nos EUA e gravar não só o CD ao vivo, mas também um vÃdeo e um DVD. Produção completaâ€, animou-se.
Quando questionado sobre a quebra do contrato com a Atlantic, ele explicou que ainda estão ligados à gravadora por causa da Trans-Siberian: “Ela é disco de platina nos EUA, já o Savatage não tem uma vendagem tão grande, então quando quisemos gravar outro álbum, a Atlantic não gostou da idéiaâ€. E reforçou que há dois anos o heavy metal estava morto, enquanto a Trans-Siberian vendia um milhão de discos. Não descartou a hipótese da vinda da banda ao Brasil, mas afirmou que antes investirão na divulgação pela Europa. “Estamos indo devagarâ€, ponderou.
Ele e Caffery ainda se posicionaram contra o Napster e todas as formas de obter música grátis pela Internet. “É algo que causa muitos problemas. As bandas que vivem disso, principalmente as novas, acabam sumindoâ€, lamentou. A explicação didática veio do amigo: “Se a gravadora ganha menos dinheiro, aumenta o preço do CD, se a banda ganha menos dinheiro, aumenta o preço do ingresso do showâ€. E depositaram as esperanças em um futuro próximo, onde será impossÃvel fazer o download de qualquer música completa.
Como toda banda que se preze, eles não abriram mão da bajulação de costume e Caffery foi enfático ao afirmar que amam o Brasil por diferentes razões, entre elas (e a principal) os fãs: “O contato é olho no olho, sentimos que a música é especial para eles, vemos o quanto estão felizes nos showsâ€. A comparação com os EUA, onde, pela quantidade, as bandas parecem doces (“abra e escolha o saborâ€, como ele mesmo exemplificou), veio na seqüência. E não parou por aÃ: “Aqui é mais verdadeiro, até pelo tipo de sociedade em que vivem†– essa foi mal, hein!? – “e o peso que a música tem para o povo brasileiroâ€, entoou orgulhoso.
Finalizando, Oliva adiantou que o setlist do show deste sábado contará com as clássicas medleys (mistura de várias músicas) e 1h40 de som, passando por todas as fases da banda: desde a primeira música gravada, até as coisas mais novas. Só deixarão de fora o álbum Fight For The Rock, pois o consideram o patinho-feio da carreira – perdoável para 20 anos de estrada. “Nós estávamos bêbadosâ€, brincou Caffery. “A gravação foi feita sob pressão e não nos traz boas memórias. A banda quase acabou nessa época. Foi um ano muito ruimâ€, explicou Oliva.
Agora, é pagar para ver – e se você é estudante, boa sorte na disputa por um dos ingressos (30% de um total de 5.873), que só serão vendidos no dia da apresentação.
Discografia
Poets And Madmen
Believe
The Wake Of Magellan
The Best And The Rest
From The Gutter To The Stage
Final Bell (Japão) / Ghost In The Ruins (Europa) – ao vivo, tributo ao Criss Oliva
Dead Winter Dead
Japan Live '94 / Live In Japan – ao vivo
Handful Of Rain
Edge Of Thorns
Streets
Gutter Ballet
Hall Of The Mountain King
Fight For The Rock , e levou Carter
Power Of The Night
The Dungeons Are Calling
Sirens
Curiosidades
Antes de iniciar a coletiva os integrantes entoaram em unÃssono um “whats up!?†– sorte das emissoras de rádio, que poderão exibir a relÃquia na programação. O cigarro da contra-capa do encarte do Poets and Madmen é do Jon Oliva. “Ainda tenho que pegar de voltaâ€, brincou dirigindo-se a esta repórter. Quando a coletiva deu uma “esfriadaâ€, o tecladista alfinetou: “Eu posso ouvÃ-los por horasâ€. Conheça o fotógrafo Kevin Carter, inspiração do último trabalho de Poets and MadmanO show
Data: 18 de agosto
Horário: 22h (mas a casa abre às 20h)
Local: Via Funchal (rua Funchal, 65, Vila OlÃmpia)
Telefone: (11) 3846-2300
Preços: de R$ 50 (pista) a R$ 70,00 (camarote)
* PISTA ESTUDANTE (Ã venda somente do dia do show, no Via Funchal, a partir das 12h): R$ 20
* PISTA ANTECIPADA: R$ 40
Postos de venda dos 5.873 ingressos
- Bilheterias do Via Funchal (todos os dias, das 12h às 22h)
- Show Ticket (Shopping Iguatemi - 211-2098)
- Galeria do Rock (Rua 24 de Maio, 62, Centro - São Paulo)
- Ingressos à domicÃlio: Fun By Phone - 3097-8687 ou www.funbynet.com.br
* Ingressos para estudante: nas bilheterias do Via Funchal (somente do dia do show, a partir das 12h)
Beatriz Levischi, especial para o Terra
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