Eduardo Prota, 14 anos - Belo Horizonte
- Não vamos encontrá-la - disse Caleb Wallace, perdendo de vez as esperanças.
Já haviam rodado a Floresta Negra várias vezes, e já estava amanhecendo. Sua irmã mais nova, Cora, se perdeu na Floresta Negra há pelo menos doze horas, o povo de Burkesville se reunira para tentar encontrá-la, exceto, é claro, os covardes que deixaram se levar pelas histórias das irmãs Van Tassel, três bruxas que moravam na Floresta mesmo após terem sido acusadas de bruxaria e queimadas na fogueira. Diziam que elas atríam as crianças para poderem matá-las. Histórias para assustarem os mais idiotas, pensava Caleb.
- Paciência, Caleb, - disse seu pai, Jacob – se ela está aqui, havemos de a encontrar.
- Bom, o povo já está se cansando– disse o velho Moebius McGregor– Jacob, ficamos a noite inteira nessa floresta, minhas canelas estão me matando.
- Moebius, em nome da amizade entre nossos clãs, me faça esse favor. Pelo menos mais duas horas, aí pode dispensar seus homens e eu e Caleb continuamos a busca sozinhos.
- Deixe disso, homem! Posso estar velho, mas sou um escocês de coração! Posso continuar aqui dias, se forem necessários, mas acharemos a pequena Cora, não se preocupe.
- Obrigado, Moebius.
O ano era 1387. A Escócia era um país livre, e sua prosperidade começava a aumentar a cada ano. Os clãs de Wallace e McGregor já se conheciam há anos, eram fazendeiros da região, bastante ricos, por sinal.
Naquela noite sombria, mal se podia ver dois metros à frente por causa de uma névoa densa que cobria a Floresta naquela manhã onde o sol ainda não havia tocado. As lendas diziam que as irmãs Van Tassel usavam a névoa para se esconder nas trevas enquanto faziam suas bruxarias. De repente, o dia nasceu rapidamente, e a névoa foi desaparecendo aos poucos. E enfim, viram uma cabana que ninguém na vila jamais havia visto. Era muito velha, parecia ter centenas de anos, e caía aos pedaços. Caleb se posicionou perto da janela, enquanto Moebius lhe dava cobertura, escondido entre as árvores. Jacob deu a volta e observou. O que viam ali era inacreditável. O mito das irmãs era verdadeiro! As três cercavam uma cadeira que tinha alguém amarrado a ela. Caleb arregalou os olhos quando viu que era Cora amarrada à cadeira. Queria invadir aquela maldita cabana e pegá-la a força, mas seu pai chegou bem a tempo de impedí-lo.
- Vou entrar pela porta de trás e ataca-las. Você pegue Cora e corra com o velho Moebius para a vila, pedindo reforços.
- Tem certeza? Duvido que aqueles covardes venham...
- Não discuta comigo, faça! E se eu não voltar, não venha atrás de mim, entendeu?
Caleb disse que sim, mas não concordava inteiramente. Olhando pela janela, viu as bruxas mexendo um caldeirão de onde uma fumaça vermelha saía. Uma das irmãs pegou uma colher cheia do misterioso líquido e tentou forçar Cora a beber. Ela se recusou. Nessa hora, seu pai entrou, chamando a atenção das bruxas para si. Agora era a hora. Enquanto ele girava sua espada fazendo as bruxas recuarem, Caleb pegou Cora com a cadeira e tudo e correu. Correu o máximo que podia. Tinha que continuar, corria como um louco.
- Homem idiota!– disse uma das irmãs– acha mesmo que sua espada de ferro vai nos deter?
Jacob tentou golpeá-la com a espada, mas a espada voou de suas mãos e caiu muito longe dele. A bruxa estendeu as mãos e lhe lançou um raio mortal, que lhe fulminou no peito e lhe lançou longe, mas não o matou. A irmã estava para lhe tirar a vida quando o velho Moebius entrou pela porta da frente e lançou sua espada bem no coração da bruxa.