Diário das filmagens
 

Sábado, 28 de agosto de 2004

Silêncio, barulho e trilha sonora - o som em Sal de Prata

Valdo levou um bofetão de Cátia. E a equipe de Sal de Prata levou uma boa parte da manhã para fazer a cena, no cenário da sala de Cátia, neste sábado, 28 de agosto. Os planos exigiram concentração dos atores e um belo esforço de atuação de Maria Fernanda Cândido, cuja personagem Cátia, se descontrola em uma discussão com Valdo/Bruno Garcia e acaba perdendo a cabeça. Depois de passada a confusão, os dois, já mais calmos, conversam sobre o roteiro de Veronese que Valdo quer filmar.

Confira as fotos dos bastidores!

Na cena em que Valdo põe o óculos de sol para ir embora, um pequeno problema: o óculos entortou. "Foi o tapa da Cátia que me desmontou", brincou Bruno. Enquanto filmavam, o técnico de som direto Rafael, meneava a cabeça. A cena pedia bastante silêncio, mas o trânsito pesado na avenida ao lado do estúdio, atrapalhava a gravação do som direto. "Quando chega perto do horário de almoço, o trânsito começa a ficar mais intenso. A solução é aguardar as brechas para começar a filmar e gravar o som, quando a sinaleira fecha.

A gente tenta fazer o som mais limpo possível, mas quando não dá, o jeito é partir para a dublagem na pós-produção", explica Rafael. Além dos automóveis, Rafael precisou driblar também o barulho de um navio cargueiro, que partiu do cais do porto nesta manhã. A equipe recebeu a visita de alunos da cadeira de roteiros da PUC/RS, disciplina ministrada pelo professor Carlos Gerbase. Os alunos estão no segundo semestre e fazem parte da primeira turma da faculdade de cinema. Cristina, Bruna, Roberta, Eduardo e Luiz Paulo observavam a movimentação atentamente.

Gerbase chamou-os dentro do cenário, para verem a filmagem de perto. Eles contaram que estão sentindo muita falta dele, que volta a ocupar a cadeira do professor assim que terminarem as filmagens. "Não que a gente não goste da professora substituta, é que o Gerbase é um paizão", comentaram Cristina e Eduardo. " Ele é muito simpático, calmo e tranqüilo", disse Bruna. "O Gerbase consegue controlar a ansiedade dele mesmo, por isso as aulas são muito legais", afirmou Roberta. No set de filmagem, o astral de Gerbase é igual.

Esta é a primeira vez que os alunos entram em um set de filmagens, com exceção de Luiz Paulo, que já havia acompanhado um pouco as filmagens de Meu Tio Matou Um Cara, de Jorge Furtado. "Isto aqui é melhor do que qualquer aula", comentou Cristina. "A gente sente o clima e aprende muito. Podemos ver como se solucionam os problemas que acontecem na hora da filmagem", explicou Roberta.

O maestro Tiago Flores, diretor da trilha sonora de Sal de Prata, também esteve visitando o set. Ele vem freqüentemente sentir o ambiente e acompanhar um pouco as filmagens, buscando inspiração e indicação de climas para escolher as músicas que vão compor a trilha. "Já li e reli o roteiro várias vezes, mas estar aqui vendo de perto é outra coisa. Converso muito com Gerbase para saber exatamente qual é o clima da cena, pois uma música pode mudar todo o sentimento do espectador em relação a determinada cena. Por isso, preciso estar entrosado com a visão do diretor", comentou. Tiago diz estar entusiasmado com o trabalho, pois é a primeira vez que dirige uma trilha de filme.

"A orquestra da Ulbra, da qual sou maestro e diretor, já teve seu material utilizado em filmes e eu já produzi trilhas para peças de teatro., mas este trabalho é diferente, requer outro engajamento", explica. A trilha de Sal de Prata será essencialmente erudita. Tiago diz que já selecionou muitas obras de compositores do período romântico, além de alguns barrocos e outros do início do século 20, mas depois precisa fazer uma seleção final, elaborar os arranjos e fazer a gravação com a orquestra da Ulbra.

Tchaicowsky, Elgar, Schubert, Brahms e Schumann já têm lugar garantido na trilha. Existe também a possibilidade de Tiago compor algumas peças especialmente para o filme. "Os músicos da orquestra adoram a idéia de gravar para um filme e têm prazer em participar. Eu, particularmente, estou entusiasmado com o desafio e quero fazer o melhor possível. Nessa hora, o cachê que vou ganhar é secundário, o que importa é a dedicação", completa o maestro.