Diário das filmagens
 

Sábado, 14 de agosto de 2004

Um motel além da imaginação de Cátia

Hoje, sábado, 14 de agosto, foi dia de rodar as cenas do filme Motéis, do cineasta Rudi Veronese. Este filme existe somente na imaginação de Cátia, quando ela lê o roteiro de Motéis e fantasia a história. Enquanto lê, Cátia imagina um casal num quarto de motel. A partir de uma determinada frase dita pela personagem, identifica-se com ela e, a partir de então, passa a imaginar novamente a cena, mas desta vez os personagens são Veronese e ela própria.

O motel da imaginação de Cátia é o motel da imaginação do diretor de arte Fiapo Barth e sua equipe. Há dias, eles constroem o cenário do quarto de motel, que surpreende pela atmosfera de fantasia que gerou em todo o estúdio. O quarto tem paredes e piso de carpete azul escuro, com enfeites e castiçais dourados. Uma cortina de contas douradas e pérolas divide os ambientes do quarto. “Tem uma coisa meio brega, como quase todo motel, mas é também sofisticado", explica Fiapo. Para chegar a esta concepção, Fiapo partiu da idéia de que Cátia é uma mulher sofisticada, portanto não poderia imaginar um motel que não o fosse. "No meu roteiro, só tinha a indicação de que haveria um vidro fumê e que Cátia aparecia detrás dele, mas acho que o Fiapo achou meio bagaceiro", brinca Gerbase. E completa: "Azul com dourado é matador!”. O vidro foi substituído por 300 metros de contas e pérolas, montados em uma cortina e que dão um brilho todo especial ao cenário. A cenógrafa Rita Faustini explica que a opção pela forração de carpete também contribui para a iluminação: "A idéia era trabalhar com um ambiente escuro que tivesse brilho. O carpete não reflete a luz, e o brilho nós conseguimos com os objetos de cena em tons dourados". Do lado de fora do cenário, uma caixa cheia de caquinhos de vidro iluminados com uma lâmpada refletem na parede formando prismas.

A assistente de arte Ana Biavaschi disse que o spray dourado foi o hit deste cenário: "Fizemos pesquisas em antiquários, buscando objetos sofisticados para compor o cenário. As coisas que não encontramos em dourado, pintamos com spray". Por exemplo, as caixas de fósforos que aparecem em cena e que são usados por Cátia para acender as velas, foram pintadas de dourado. Além disso, eles revestiram as cúpulas dos abajures, originalmente verdes, com tecido dourado. Os lençóis da cama são amarelo ouro e as folhas douradas que decoram o ambiente foram reaproveitadas de outros cenários.

O diretor de fotografia, Jacob Solitrenick, agradece: "Este cenário foi um presente pra mim. São dois abajures que se acendem e se apagam, velas que mudam de lugar, uma luz difusa que parece reflexo de água, tudo contribuiu para criar essa atmosfera. As paredes escuras de carpete, além de dar uma textura especial ao filme, são muito fáceis de iluminar. Assim, posso fazer a luz na pele dos atores com total liberdade". E Jacob ainda explica que usou somente filtros gelatina do tipo laranja e acqua nestas cenas.

Enquanto isso, a nossa imaginação também viaja, fantasiando a sensualidade e a bela atuação de Maria Fernanda Cândido neste quarto de motel... Só nos resta esperar o filme terminar pra ver o resultado.