Julia Roberts rouba todas as atenções em
Os Queridinhos da América
Kiki (Julia Roberts) é a assistente pessoal, além de irmã, da superestrela Gwen (Catherine Zeta-Jones). Ela faz tudo para agradá-la, mas terá um trabalho árduo pela frente.
Sua missão é ajudar o assessor de imprensa mais conhecido do momento, Lee Phillips (Billy Crystal), a lançar o último filme do casal mais famoso do cinema: Gwen e seu ex-marido Eddie (John Cusack).
Os dois terão que fazer uma aparição em público, juntos, fingindo ainda ser um casal apaixonado. Mas, o relacionamento
entre ambos já acabou, e eles estão em pé de guerra enquanto não se concretiza o divórcio. Quando tenta reaproximar o casal, Kiki percebe que sua missão será quase impossível. Primeiro porque a imagem de um casal feliz e apaixonado, quase perfeito, está longe da realidade. Segundo, porque Kiki e Eddie descobrem que estão apaixonados.
Com tanto alarde e atores de peso, Os Queridinhos da América prometia ser um dos grandes lançamentos do segundo semestre. Mas, o filme que tem como pano de fundo os bastidores do cinema, é uma comédia de humor leve, como tantas outras já geradas por Hollywood. Suas gags, que querem ser hilárias, farão rir a alguns, mas recordarão muitos outros, amantes de filmes do gênero.
O ingresso já vale pela imagem da musa Julia Roberts (Kiki Harrison) com vários quilos a mais, ainda que seja apenas através de uma intensa maquilagem. Julia Roberts não levou o papel tão a sério como Renée Zellweger em O Diário de Bridget Jones (que engordou aproximadamente 20 quilos para ficar à altura da personagem), ou Robert De Niro que engordou mais ainda para encarar o boxeador Jake La Motta em Touro Indomável.
No princípio, custamos a acreditar que a atriz ganhadora do último Oscar de Melhor Atriz por sua atuação em Erin Brockovich - Uma Mulher de Talento, encarne um personagem secundário, com ar submisso e massacrada continuamente por sua irmã, Gwen Harrison (Catherine Zeta-Jones).
Mas, foi decisão de Julia Roberts interpretar Kiki e deixar o papel de estrela para Catherine Zeta-Jone, não repetindo assim um personagem que já havia feito em Notting Hill junto a Hugh Grant. Uma vez comquistada a atenção do público com sua personagem Kiki, Julia abre seu leque e oferece ao público sua típica atuação: bom caráter, grandes sorrisos e olhar sincero.
Catherine Zeta-Jones realiza um trabalho bem definido, que pode ser considerado um dos mais convincentes de sua carreira. Ela realmente incorpora sua personagem, sendo que podemos até perceber certa diversão por parte da atriz com a interpretação. Durante o filme nos questionamos se Catherine Zeta-Jones também é megalomaníaca e narcisista em sua vida real.
John Cusack já demonstrou que tem afinidade com as comédias, com interpretações convincentes em filmes como Alta Fidelidade e Quero Ser John Malkovich. Desta vez ele surpreende novamente interpretando o marido de Catherine. Além disso, Billy Cristal, outro grande comediante, consegue junto a John Cusack um dinamismo autêntico entre comediantes que em nenhum momento se enfraquece, tamanha a energia cômica de ambos.
A presença de Christopher Walken é sempre uma surpresa agradável, e sua aparição é genial, embora seu papel seja extremamente curto (talvez por sua enorme presença nas telas, que minimizaria a atuação de outras estrelas).
Mas, sem dúvida, com um elenco de atores deste escalão, quem realmente destoa é o ator Hank Azaria (Hector) que nascido em Nova York aparece no filme com uma pronúncia espanhola impossível de ser aceita. Com tantos atores espanhóis e latinos em destaque no mercado americano é realmente desconcertante ver um americano com o papel, realizando-o de maneira tão pouco convincente.
Astros e estrelas tentam dar conta da produção, maquiando um argumento frágil e um roteiro quase pobre. Mas, o melhor de Os Queridinhos da América é a forma caricata e satírica com que o filme mostra o lado oculto da indústria hollywoodiana.