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QUEM VAI FICAR COM MARY?

RAPIDINHO

Eles são todos abobados e estão apaixonados por uma garota maravilhosa que tem um irmão mongolóide. A garota, aparentemente, não tem problemas mentais, mas é idiota o bastante para ser enganada por todos os abobados. O público não sabe quem vai ficar com Mary, mas sabe, desde a primeira cena, que este filme idiota só vale por algumas piadas realmente engraçadas e debilóides.

AGORA COM MAIS CALMA

O filme é um sucesso de bilheteria nos Estados Unidos e ganhou generosos espaços nos jornais brasileiros. Cameron Diaz virou a musa do momento no showbizz internacional. Peter e Bobby Farrelly, os irmãos diretores, viraram gênios da comédia. Mas na sessão em que assisti "Quem vai ficar com Mary" todos estes atributos não serviram para mais do que três momentos de risos da platéia:

1) quando Ted fecha o zíper no lugar errado;
2) quando Pat faz respiração boca-a-boca num cachorro;
3) quando Mary usa um gel natural para seu cabelo.

Não parece muito engraçado? É que não contei direito, pra não estragar o filme definitivamente. Mas, de qualquer maneira, é muito pouco para um filme que pretende ser uma comédia. Ted, Pat e Mary formam um triângulo sem graça, em que as motivações dos personagens não tem qualquer verossimilhança. A comédia é o mais complicado dos gêneros cinematográficos, porque não permite erros e exige um ritmo muito sofisticado. Não adianta a piada ser boa. Ela tem que ser bem contada. E "Quem vai ficar com Mary?" nem sempre conta bem suas piadas.

Ou será que eu estou de mau humor? Talvez. Lembro de um outro filme em que o protagonista era totalmente débil: "Um convidado bem trapalhão", de Blake Edwards. Peter Sellers interpretava um figurante de filmes indiano convidado por engano para uma festa de figurões de Hollywood. As piadas também eram muito engraçadas, mas o que o distingue de "Quem vai ficar com Mary?" é, basicamente, a humanidade do anti-herói, um tipo com quem o espectador podia identificar-se. Quando rimos de uma boa comédia, estamos rindo também de nós mesmos, de nossas próprias limitações, de nossos próprios defeitos.

É impossível ver mais do que caricaturas grosseiras em Ted, Pat e Mary. O roteiro não ajuda e os atores são limitados. Matt Dilon, um bom ator dramático, é um desastre como cômico. Mas Cameron Diaz realmente faz valer o preço do ingresso. Aí está uma possível nova estrela mundial, porque, além de ser tão deliciosa quanto um vinho tinto de boa safra, interpreta como gente grande. Neste "Quem vai ficar com Mary?" ela não mostra tudo o que tem, mas recomendo uma rápida busca no Altavista para que os atributos da moça apareçam com a evidência que merecem. Boa degustação.

Quem vai ficar com Mary? (There's Something About Mary, EUA, 1998). De Bobby e Peter Farrelly. Com Cameron Diaz, Matt Dilon, Ben Stiller e outros.

Carlos Gerbase é jornalista e trabalha na área audiovisual, como roteirista e diretor. Já escreveu duas novelas para o ZAZ (A gente ainda nem começou e Fausto) e atualmente prepara o seu terceiro longa-metragem para cinema, chamado "Tolerância".

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