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The Blair Witch Project: uma maldição de (mais de )US$ 100 milhões de dólares


I'm so scared! Heather pede desculpas à mãe pela "tragédia"

Dia 1º de outubro o Brasil vai conhecer a producão independente mais bem-sucedida da história do cinema. The Blair Witch Project (A Bruxa de Blair) estréia em todo o País depois de fazer uma carreira espetacular nos EUA. Em sua terceira semana de exibição, entre 14 e 16 de agosto, o filme arrebentou nas bilheterias e atingiu um faturamento de mais de US$ 107 milhões. Já bateu a casa dos US$ 140 milhões e já é um dos 100 filmes americanos de maior faturamento de todos os tempos.

Nada mal para um filme produzido por cineastas jovens, feito com atores completamente desconhecidos, sem uma ampla campanha de divulgação, e a um custo irrisório: US$ 35 mil.

O fenômeno Blair Witch é resultado de uma bem-sucedida poção de criatividade, sorte, propaganda boca a boca e fanatismo via Internet. O filme causou certo furor no Festival de Sundance no começo de 1999, onde foi comprado pela Artisan Entertainment por pouco mais de US$ 1 milhão, um negócio da China para o estúdio. Em 16 de julho, ele foi lançado em apenas 27 telas. Imensas filas se formaram em circuitos alternativos, como o Angelika Film Center, em Nova York, e o filme faturou por sala seis vezes mais que o top do ranking na época, De Olhos Bem Fechados, de Stanley Kubrick.

O estúdio não perdeu tempo. Em 30 de julho a maldição da bruxa Blair chegou a 800 telas nos EUA, e se estendeu para outras mil salas em 6 de agosto. Ficou duas semanas em segundo lugar, e ensinou algumas lições aos barões da indústria cinematográfica.

Mesmo que os diretores sejam absorvidos em projetos menos criativos e disponham de milhões para fazer a já falada sequência de The Blair Witch, prováveis dois prólogos da história original, o frescor da produção provou que é possível ganhar muito gastando quase nada. Aparentemente, os criadores do filme não saíram perdendo tão feio. Segundo a Hollywood Reporter, os diretores e os produtores Gregg Hale, Robin Cowie e Mike Monello estariam fechando um acordo com a 20th Century Fox e a Regency para desenvolver séries de TV já para o ano 2000.


Entre a ficção e a realidade


"Em outubro de 1994, três estudantes de cinema desapareceram na floresta próxima a Burkittsville, Maryland, enquanto filmavam um documentário...um ano depois as imagens foram encontradas. "


Os três amigos antes de "desaparecerem"

A grande sacada dos diretores Daniel Myrick, de 35 anos, e Eduardo Sánchez, de 30, foi fazer um filme de terror em forma de documentário falso, e criar uma mitologia própria que alimentasse a fantasia dos fãs. Caravanas de curiosos estão colocando a cidadezinha de Burkittsville em polvorosa. Com apenas 200 habitantes, a cidade não tem floresta, loja de conveniência, nem banheiro público, e está sendo invadida por hordas de aficionados, ávidos em saber a verdade sobre a bruxa, os crimes e as filmagens. Invadem o cemitério à procura das lápides dos três jovens desaparecidos, e voltam decepcionados ao descobrir que tudo saiu da cabeça imaginosa dos diretores.

A câmera nervosa acompanha a história "verídica" dos estudantes Heather Donahue, Michael Williams e Joshua Leonard, nomes dos atores amadores recrutados em clubes de rock. Fascinados pelo desaparecimento de várias pessoas nos arredores da floresta Black Hills, atribuídos a Elly Kedward, uma bruxa lendária banida em 1785 da cidade de Blair, antiga Burkittsville, os estudantes decidem investigar os fatos. Segundo os "dados históricos", depois do banimento várias crianças desapareceram da cidade, o que alimentou a lenda de uma maldição. Mais tarde, na década de 40, um serial killer chamamdo Rustin Parr alega inocência dizendo ter sido coagido pelo espírito da bruxa. Acompanhada de Joshua e Mike, que operavam o áudio e as câmeras, a diretora Heather pretendia registrar o que separava a lenda da realidade.

O filme em si nada mais é do que o material "encontrado" um ano depois por estudantes de Antropologia em uma cabana centenária na floresta: fitas DAT, uma câmera de vídeo Hi-8, anotações de Heather e uma câmera 16 mm. Os cinegrafistas foram os próprios atores, que aprenderam a manusear os equipamentos e áudio e vídeo para que tudo parecesse real, em uma filmagem que durou apenas oito dias. Daí a câmera tremer tanto, o que causa um efeito bem pior do que o frio na espinha... Em alguns cinemas americanos foram colocados avisos, pois várias pessoas se sentiram mal com a imagem tremelicante e tiveram de sair da sala para vomitar. Por via das dúvidas, carregue um comprimido anti-náuseas antes da sessão.

A proposta mais radical The Blair Witch Project foram as verdadeiras sessões de tortura a que os atores foram submetidos para que o resultado fosse o mais verossímel e apavorante possível.
Munidos de um GPS, (Global Positioning System), um aparelho de localização via satélite, os atores foram deixados na floresta, sem saber grande coisa sobre o roteiro. Com o mesmo sistema, a equipe acompanhava todos os passos dos atores e os aterrorizavam durante a noite, com ruídos estranhos, gritos, objetos de feitiçaria e bilhetes para semear a discórdia.

A improvisação de cenas e diálogos percorre todo o filme, que prescinde totalmente de litros de sangue e efeitos especiais para apavorar a platéia. Sem conseguir escapar da floresta, a deterioração psicológica dos personagens é inevitável e angustiante, à medida em que o medo e o desespero começam a dominar o grupo. Em muitos momentos, a tela fica completamente escura e a imaginação viaja nas terríveis incursões do sobrenatural sobre os destinos dos três jovens, como se o espectador estivesse presente. O que acontece de tão apavorante? Contar maiores detalhes de filmes como Blair Witch, o que vários sites já fazem, é sugar inutilmente o suspense dos pequenos horrores da trama. Só assistindo pra saber.


A bruxa na Web

Um dos fatores do sucesso arrasador de The Blair Witch Project é a Internet. Logo depois da estréia nacional, o site oficial do filme foi o 45º mais visitado na Web, com um pico de mais de 10 milhões de acessos (!). Web rings, sites de fãs ardorosos e paródias já grassam pela rede, e são uma boa fonte diversão, informações e especulações sobre da produção.

The Blair Witch Project - Enriquecido com uma engenhosa mitologia, que acompanha desde os primeiros desaparecimentos atribuídos à bruxa até o sumiço dos três xeretas, o site oficial é uma fonte inesgotável de informações fabricadas (e de novos produtos: quadrinhos, CD, camisetas, imãs de geladeira...). Mas é exatamente a ausência de veracidade o que torna a visita mais interessante.

The Blair Witch Fanatics Site - Como o nome diz, um guia de fanáticos, com listas de sites, notícias diárias, FAQ, etc.

Blair Witch CD - Trechos do CD em MP3, "mixado" por Joshua.

The Jar Jar Binks Project - Uma gozação com Episodio I de Guerra nas Estrelas. Se você também odiou Jar Jar Binks, divirta-se com a versão "Heather de touquinha" do monstrengo, murmurando "Mesa so scared!"

The Bewitch Project - Paródia do site oficial, com os os personagens do seriado A Feiticeira. Os autores especulam sobre o estranho desaparecimento do marido de Samantha e as terríves maldades de Endora

The Wicked Witch Project
- Outra paródia, desta vez sobre o clássico O Mágico de Oz e sua bruxa malvada. Quando cansou da brincadeira, Dorothy só precisou bater os sapatinhos vermelhos e voltar pra casa. Quem dera Heather tivesse a mesma sorte...

The Blair Witch Projetc Web Ring - Vinte sites associados se dedicam a revelar os fatos, desvendar a "verdade", e até omitir opiniões próprias sobre passagens obscuras da trama. Alguns são reveladores demais, fique longe se quiser viver a tortura plenamente.

A way to scape the Blair Witch - Segundo o autor do site, filiado a uma entidade que busca "a verdade no cinema", o mal está na degeneração espiritual do mundo moderno, como prova o "caráter fraco" dos três cineastas desaparecidos. Para cinéfilos heréticos em busca de boas risadas.

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