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Fusão de linguagens funciona bem em Urbania



Quarta, 08 de agosto de 2001, 15h42

O segundo longa-metragem brasileiro da mostra competitiva, Urbania, certamente não é um filme que vai conquistar grandes audiências. Mas, ao ser exibido nesta terça-feira no Festival dos Palácios, foi bem recebido e aplaudido pelo público que o assistiu até o final - muitos deixaram a sala durante a projeção.

Isso porque Urbania não é um filme convencional: ficção e documentário se misturam do início ao fim, quebrando os limites entre a realidade e o imaginário. A obra tem três universos: o ficcional, o real e um terceiro, no qual personagens dos dois mundos se encontram e se confundem.

O enredo de Urbania é simples: um homem velho e cego, Edmundo, que viveu seus melhores momentos na São Paulo dos anos 50, volta à Cidade da Garoa acompanhado de um motorista malandro, Zé Carlos. Juntos, os dois percorrem, a bordo de um conversível, os locais que marcaram a vida do velho na cidade.

Nesse percurso, Edmundo confronta suas lembranças da época com a realidade que encontra: casarões abandonados e transformados em cortiços, locais mal-conservados e depredados, a miséria, a poluição, a decadência da megalópole. Em cada lugar que visita, a dupla se depara com personagens reais - famílias pobres, crianças de rua, prostitutas -, com os quais interagem. Depois desses encontros, os personagens saem de cena, dando lugar a inserções de depoimentos dessas pessoas marginalizadas sobre sua realidade.

Outro elemento interessante do filme é a figura de Teresa, mulher que povoa as lembranças do cego junto com as imagens da São Paulo glamourosa da década de 50. Na busca dos locais que marcaram sua vida, Edmundo também procura Teresa. Não fica claro, no entanto, quem era ela - ele apenas a descreve como "o amor de sua vida". Teria sido uma amante, ou seria uma metáfora para aquilo que ele amava em São Paulo e que já não está mais lá?

Filmado com uma câmera digital Sony e uma Super-16, o filme também tem imagens da década de 50, representando a memória de Edmundo. As imagens em vídeo, misturadas com as em película, reforçam a proposta do diretor Flávio Frederico de fundir as duas linguagens cinematográficas.

As interpretações de Turíbio Ruiz e Adriano Stuart conferem autenticidade aos personagens, tanto quando inseridos no ambiente ficcional, quanto quando no real. Um enfrenta o choque de suas lembranças com a realidade de São Paulo do ano 2001; Zé Carlos, que acompanhou a decadência da cidade, está inserido naquele ambiente assim como os personagens reais.

O maior pecado do filme fica por conta de uma cena fora de contexto: em certo momento, ao dar carona a uma menina de rua que mora na periferia, o motorista leva Edmundo a um lixão onde, apesar de não haver interação com os catadores de lixo, são inseridos depoimentos sobre a vida e o trabalho no lugar. Como o local não faz parte do "roteiro" de visitas de Edmundo, fica a impressão de que a cena foi inserida por panfletagem - mostrar a miséria, embora não relacionada diretamente à decadência da cidade.

Paulo Gleich / direto de Gramado

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