A simpatia entre Gramado e Carlão, como é chamado pelo pessoal do cinema, não é de hoje. Esse gaúcho, nascido em 1945, recebeu o prêmio da crítica em 1984 por Extremos do Prazer, faturou o Kikito de melhor diretor em 1986 por Filme Demência e venceu a edição seguinte do festival com Anjos do Arrabalde, que ainda deu a Betty Faria o troféu de melhor atriz.

Nesta noite, no palco do Palácio dos Festivais, Carlão vai fazer força para controlar a emoção. Tudo por causa das três pontes de safena e de uma mamária que carrega como produto de um enfarte. Há um mês e meio fora do hospital, o diretor diz ter se dado licença para poder vir a Gramado e receber a homenagem mais do que justa. Afinal, seu currículo traz cinco curtas-metragens, quatro episódios inseridos em longas e outros 12 longas-metragens, muitos deles premiados em mostras internacionais.

Desde sua estréia com Corrida em Busca do Amor, em 1970, até Dois Córregos, realizado em 1998 e exibido em Gramado 99, Carlos Reichenbach se caracterizou por mostrar os problemas das grandes cidades aliados às questões sociais. Seja no duro cotidiano das três professoras de Anjos do Arrabalde ou no intimismo erótico de Amor, Palavra Prostituta e Extremos do Prazer, o diretor confirmou-se como um dos realizadores mais autorais do cinema nacional.

Não são poucos seus novos projetos. Entre eles está uma adaptação de Impédocles, o Deus das Sandálias de Bronze, de Hoelderin. "O filme deverá ser feito na Alemanha, e as filmagens provavelmente deverão ser realizadas em outubro próximo", antecipa ele.

Para o próximo ano, pretende reeditar a parceria com Betty Faria, uma de suas atrizes preferidas, em Beijos Confiscados, e dedicar-se à captação de recursos para outro longa, Aurélia Schwarzenega.

Agência RBS

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