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Antonio Banderas estréia como diretor em "Loucos do Alabama"
Loucos do Alabama é mais um daqueles filmes em que se tem a impressão de já ter sido visto na "Sessão da Tarde". Na estréia de Antonio Banderas como diretor, há uma trama cheia de fatos estranhos e marcantes.
Em uma pequena cidade, no interior do Estado americano, uma bela mulher tem o sonho de ir a Hollywood para tornar-se uma estrela. Enquanto isso, donas de casa fofocam, crianças arrumam encrencas e xerifes racistas cuidam pela tranqüilidade dos moradores.
A história se passa no verão de 1965.
O garoto Peejoe, interpretado por Lucas Black (Na Corda Banda - Sling Blade), vive tranqüilo no rancho da avó, até que sua excêntrica e carinhosa tia Lucille (Melanie Griffith) lhe revela um segredo. Ela está indo realizar seu sonho. Matou o marido, largou os sete filhos com a mãe e está indo para Hollywood tornar-se uma famosa estrela da televisão. Para incrementar a história, leva a cabeça decepada de seu ex-marido, violento e malvado, dentro de uma vasilha plástica de cozinha. O garoto, com muita naturalidade, despede-se da tia, promete não revelar seu paradeiro, e vai morar na casa do tio Dove (David Morse), agente funerário da cidade.
Aí começam todas as peripécias do roteiro. Tia Lucille, por onde passa, melhora sua situação. Ganha muito dinheiro no cassino, compra milhares de roupas, arranja um motorista de confiança, conhece um influente empresário e faz sua grande estréia na TV no seriado de "A Feiticeira". Tudo em companhia da cabeça de seu "ex". Enquanto isso, na pacata cidade do estado do Alabama, negros são discriminados e reprimidos. Protestam para participar das eleições, para entrar na piscina comunitária e até para enterrar com justiça um de seus jovens, assassinado pelo chefe policial.
O garoto Peejoe sai na capa de uma revista famosa e a cidade se torna palco da mídia, que explora a guerra civil local. As duas histórias acontecem paralelamente, misturando drama e comédia. O roteiro é de Mark Childress, baseado no romance homônimo de sua autoria.
Embora Banderas tente ser sério sobre o tema que trata, não convence como um crítico da sociedade branca americana dos anos 60. O machismo, a discriminação e a Justiça são discutidos num plano muito raso, aparecendo como pano de fundo de um roteiro que tem como interesse maior se mostrar cômico. Não que as cenas sobre esses temas não sejam levadas a sério. Muito pelo contrário, são dramatizadas até demais. Apesar disso, a liberdade é bem abordada. Tanto a que revela a conquista dos negros americanos, após tanto tempo de repressão, quanto a que sofre Lucille, com seu marido ciumento e agressor.
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