Vulcão de Tonga pode colocar Terra perto do limite de 1,5ºC de aquecimento
Erupção de 2022 do vulcão submarino Hunga Tonga-Hunga Ha'apai deve contribuir durante os próximos cinco anos para o aquecimento global
Embora seja consenso para os cientistas de que as mudanças climáticas estão sendo intensificadas por ações humanas, fenômenos naturais também podem ter seu efeito contribuindo para o aquecimento da Terra. É o caso da erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha'apai: estudos preveem que o evento ocorrido em janeiro de 2022 possa deixar o planeta mais próximo ao limite de aquecimento global estabelecido pelo Acordo de Paris.
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Uma das erupções mais poderosas já registradas, o fenômeno lançou à atmosfera não só cinzas e gases provenientes do vulcão. Por ser um vulcão submarino, o evento ejetou também uma enorme quantidade de água: mais especificamente 146 megatoneladas métricas chegaram à estratosfera. Esse fator pode, pelo menos pelos próximos cinco anos, contribuir para o aumento da temperatura do planeta.
O Acordo de Paris, assinado por centenas de países em conferência da ONU, estabeleceu em 2015 a meta de manter o aquecimento global em, no máximo, 1,5 ºC em relação aos níveis pré-industriais. Se a Organização Meteorológica Mundial (World Meteorological Organization — WMO) já previa que há 50% de chance de que esse limite seja ultrapassado nos próximos cinco anos, a erupção do Hunga Tonga adicionou mais 7% de probabilidade a este número.
Erupções explosivas como a ocorrida costumam, na verdade, ter um efeito de resfriamento na atmosfera. Isso se deve ao fato de que o dióxido de enxofre liberado impede que uma pequena parcela da radiação solar chegue à superfície. A erupção do Hunga Tonga-Hunga Ha'apai, porém, teve níveis abaixo da média de enxofre e colocou uma grande quantidade de vapor d'água na atmosfera.
A água vaporizada pode parecer inofensiva, mas, enquanto o enxofre impede que o calor fique aqui, a água na atmosfera o retém, atuando como um gás de efeito estufa. A erupção ainda foi poderosa o suficiente para que o vapor chegasse à mesosfera — terceira camada, de baixo para cima, da atmosfera terrestre. Como há pouca movimentação nesta região, a água pode permanecer por lá por um período relativamente longo.
A pesquisa que avaliou os impactos da erupção no aquecimento global foi realizada por cientistas das universidades britânicas de Oxford e Leeds, com seus resultados publicados na revista Nature Climate Change.
Fonte: Nature Climate Change Via: Eos
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