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TikTok é acusado de "monitorar emoções" dos usuários

Recurso lançado em outubro registraria reações e dados de telemetria de usuários do TikTok, que seriam compartilhados com anunciantes

13 fev 2023 - 21h20
(atualizado em 14/2/2023 às 10h53)
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O TikTok está sendo acusado de ferir a privacidade dos usuários ao "monitorar" as emoções deles, compartilhando tais dados para fins de publicidade. O recurso Focused View, liberado em outubro, foi o centro de um alerta da organização em prol dos direitos humanos Access Now, que citou a ferramenta como uma possível farsa, além da interferência no sigilo dos utilizadores.

Foto: Divulgação/TikTok / Canaltech

O segundo aspecto diz respeito ao monitoramento de telemetria como posição dos olhos, batimentos cardíacos e outros sinais que mediriam o quanto o usuário está prestando atenção no que está passando na tela. Já no primeiro, a organização cita tais elementos como dúbios e anticientíficos como medida de engajamento, ainda que seja vendido pela rede social como uma revolução para os anúncios.

No anúncio oficial do Focused View, em outubro do ano passado, a plataforma não dá detalhes sobre como monitora tais aspectos, mas diz oferecer uma plataforma de maior engajamento baseado em decisões conscientes. O TikTok cita como "ideal" um usuário que assiste a um comercial por pelo menos seis segundos ou que interage com um anúncio dentro dessa janela de tempo, citando uma campanha piloto com a Samsung como responsável por um aumento de 53% no tempo médio de visualização e de 4% na intenção de compra dos produtos da marca.

Para o Access Now, entretanto, a ferramenta funciona como uma maneira de fazer com que marcas paguem por engajamento sem terem certeza de que ele virá, enquanto aponta a divulgação que cita a entrega para utilizadores "emocionais" e "tangíveis" como um sinal de quebra de privacidade. A organização, ainda, critica a falta de clareza sobre a leitura que é feita pela plataforma, enquanto seria certa a coleta de dados intrusivos para fins de publicidade.

Ao afirmar que o recurso é anticientífico, a ONG falou com especialistas que colocaram em xeque a validade de uma tecnologia desse tipo. Por outro lado, mesmo que fosse dado o benefício da dúvida, o Access Now aponta que o rastreamento de emoções e da saúde mental dos usuários é uma dinâmica, no mínimo, problemática, que pode ferir a privacidade, autonomia e dignididade dos utilizadores, além de interferir diretamente na liberdade de pensamento deles.

Por conta de tudo isso, a organização pede que a rede social compartilhe os resultados de estudos e bases legais envolvidas no funcionamento do Focused View, principalmente em relação a análises de impactos sobre a proteção de dados dos usuários. Além disso, chama a atenção de agências regulatórias para o caso, principalmente diante das polêmicas nos Estados Unidos, onde diferentes movimentos políticos pedem o banimento do TikTok no país.

Técnica de otimização não reconhece emoções, diz TikTok

Em resposta ao Canaltech sobre as alegações da organização, o TikTok negou que o sistema Focused View reconheça as emoções dos usuários. A empresa citou a tecnologia como uma forma de otimizar a exibição de anúncios, que seriam mostrados a pessoas com maior probabilidade de assistir por mais tempo e interagir com as campanhas, que também são pagas somente quando as métricas de seis segundos de visualização ou engajamento são obtidas.

O TikTok também enviou um link com mais informações sobre o recurso. A íntegra do comunicado está abaixo:

"O Focused View não usa técnicas de reconhecimento de emoções. É um produto disponível para as empresas veicularem anúncios para pessoas com maior probabilidade de assistir por mais tempo ou interagir com essas campanhas, baseado em performances passadas. Com o Focused View, os anunciantes pagam apenas quando uma pessoa assiste ao menos seis segundos ou interage com o anúncio nos primeiros seis segundos.

A otimização de anúncios é uma prática bem estabelecida do setor, condizente com a nossa Política de Privacidade e com os requisitos da LGPD".

Fonte: Access Now

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