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Pele incrivelmente preservada de dinossauro surpreende paleontólogos

Um psitacossauro fossilizado já era estudado há anos por cientistas, mas foi só à luz ultravioleta que notou-se uma característica fascinante: sua derme!

23 mai 2024 - 07h00
(atualizado às 20h27)
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Uma amostra muito bem escondida de pele de psitacossauro, um pequeno dinossauro que ostentava apenas algumas penas, surpreendeu paleontólogos com um desenvolvimento em "colcha de retalhos". Microscópico e inédito, o fóssil de pele mostra que a espécie tinha zonas diferentes de epiderme — mais macias nas sessões com penas e mais duras nas sessões com escamas.

Foto: Dr. Zixiao Yang/University College Cork / Canaltech

Os psitacossauros viveram no Cretáceo, sendo que o espécime data do início desse período, entre 135 e 120 milhões de anos atrás. Na época, alguns dinossauros estavam começando a evolução que culminaria nos pássaros, que, até hoje, seguem sendo do grupo Dinosauria, segundo a classificação científica.

A espécie dos psitacossauros, que vêm da palavra em latim para papagaio (devido à aparência do "bico"), foi descoberta em 1922. Acreditava-se que tinham penas apenas na cauda, mas a recente pesquisa do fóssil de pele indica que todo o corpo tinha sessões intercaladas. As partes "depenadas" eram escamosas como as de répteis, e as regiões com penas mais macias, como nas aves modernas.

Acima, o fóssil de psitacossauro sob luz natural, e abaixo, sob luz UV: os tecidos moles aparecem na cor laranja e os ossos em ciano (Imagem: Yang et al./Nature Communications)
Acima, o fóssil de psitacossauro sob luz natural, e abaixo, sob luz UV: os tecidos moles aparecem na cor laranja e os ossos em ciano (Imagem: Yang et al./Nature Communications)
Foto: Canaltech

Descobrindo a pele de dinossauro

Segundo os cientistas responsáveis pela descoberta, que incluem Zixiao Yang, paleontólogo da Universidade de Cork, o fóssil indica que manter a pele reptiliana pode ter ajudado a melhorar as funções da derme dos dinossauros nessa época de transição evolutiva. Não era possível ver a pele fossilizada a olho nu, e ela só foi descoberta a partir de luz ultravioleta.

Além da tecnologia, também foram empregados raios-X e luz infravermelha para aproximar ainda mais a visão da derme, mostrando detalhes até mesmo da estrutura celular da pele fóssil preservada. Era uma "joia escondida", nas palavras de Yang, em um comunicado à imprensa.

Quando o fóssil foi doado à Universidade de Nanjing, em 2021, não se sabia que os alguns dos tecidos moles do dinossauro ainda estavam preservados, sendo notados com um brilho laranja-amarelado quando expostos à luz ultravioleta.

Zixiao Yang junto às imagens obtidas da pele do psitacossauro, em laboratório da Universidade de Cork (Imagem: Ruben Tapia/UCC TV)
Zixiao Yang junto às imagens obtidas da pele do psitacossauro, em laboratório da Universidade de Cork (Imagem: Ruben Tapia/UCC TV)
Foto: Canaltech

A química do fóssil também surpreendeu os pesquisadores, já que é composta de sílica, mesmo material que forma o vidro. É um tipo de preservação que, até agora, só era vista em fósseis de animais vertebrados.

Isso abre a possibilidade de que outros tecidos moles acabaram preservados em outros espécimes de dinossauros e de outras espécies. Por fim, acredita-se que a diferenciação da pele ajudou os psitacossauros a se protegerem melhor de ferimentos, desidratação e parasitas.

Fonte: EurekAlert!, Nature Communications

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