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Nascem primeiros bebês de fertilização in vitro feita com robôs

Startup usou robô no processo de injeção do espermatozoide, mas método ainda foi controlado por humanos — tecnologia prenuncia futuro da fertilização in vitro

27 abr 2023 - 15h39
(atualizado às 19h57)
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Nasceram, na Espanha, os dois primeiros bebês fertilizados com a ajuda de um robô, marcando o início de uma possível revolução nos métodos de fertilização in vitro (FIV) — que, apesar de almejada e pesquisada por décadas, anda a passos curtos. Mesmo o aparentemente incrível acontecimento deste semestre pode parecer simples caso olhado com um olhar frio: a novidade foi o uso de um controle de videogame para o controle da injeção do espermatozoide.

A companhia responsável pelo feito é a espanhola Overture Life, que permitiu a um engenheiro sem experiência no campo da medicina da fertilização manobrar um robô injetor com um controle de PlayStation 5. O profissional, Eduardo Alba, relatou estar calmo — afinal, segundo ele, "é só mais um experimento". E foi bem-sucedido, já que levou ao nascimento de duas meninas meses depois.

Foto: ZEISS Microscopy/CC-BY-2.0 / Canaltech

Automatização da fertilização

O procedimento, descrito como foi nos parágrafos anteriores, parece simples. Bem, ele é, porque consiste em uma atualização robótica para a injeção intra-citoplasmática de espermatozoide (ICSI), procedimento que facilitou e modernizou a FIV, nos anos 1990. Gianpiero Palermo, o médico que inventou a técnica, chegou a comentar que a novidade é apenas um "passo de bebê" e não chega a ser uma ICSI robótica — ou seja, há controvérsias.

No procedimento de FIV comum, especialistas em fertilização juntam o óvulo ao espermatozoide em uma placa (o "vitro") com o auxílio de uma agulha especial, tudo sob o olhar de um microscópio. Mesmo esse procedimento não gera sempre uma fertilização bem-sucedida, mas muitos profissionais acreditam que ainda seja o melhor método, já que o delicado caminho seria melhor feito com mãos humanas, e não com a automatização "bruta" de um robô.

O problema é que, por ser delicado, demorado e requerer mão-de-obra, o procedimento é bastante caro: no Brasil, os preços entre as clínicas especializadas variam entre R$ 10 mil e R$ 25 mil, já que, além de depender de um laboratório, muitas vezes exigem uso de remédios, acompanhamento e tratamento por parte dos futuros papais e mamães. A automatização do processo é visada em diversas etapas, e espera-se que, no futuro, ele possa ser feito em consultório, com aparelhos instalados em uma mesa.

Futuro in vitro

A Overture Life é apenas uma das startups que visam esse futuro, com diversas outras focadas em diferentes partes da FIV. A companhia Fertilis, por exemplo, é focada na construção de "mini berços" onde é possível acomodar um único óvulo, o deixando protegido de interferência externa e facilitando a inserção da agulha com o espermatozoide, que poderia ser feita como uma linha de produção.

Outras empresas buscam automatizar a limpeza de fragmentos do útero na coleta dos óvulos, e outras ainda na identificação de espermatozoides para o processo. Iniciativas não faltam. Até agora, a Overture Life é a que mais conseguiu investimentos, com US$ 37 milhões (R$ 186,82 milhões), vindos de investidores como Susan Wojcicki, executiva que já foi CEO do YouTube.

O caminho ainda é longo, e mesmo a companhia ainda precisa colocar, manualmente, os espermatozoides nas agulhas injetoras — o que levou Palermo a descartar a natureza robótica do procedimento.

Atualmente, cerca de 500.000 bebês nascem graças à FIV no mundo, mas baratear e facilitar o procedimento pode permitir que famílias menos abastadas possam ter acesso a ele, elevando o número para milhões de bebês, caso essa facilidade se traduza para os pacientes, já que o campo tem um histórico de criar tecnologias e testes novos e mantê-los em clínicas caras e diferenciadas.

Fonte: MIT Technology Review

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