Contas russas do Instagram têm como alvo eleitores dos EUA antes de eleições de 2020, diz Facebook
Uma rede de contas do Instagram operadas na Rússia tem como alvo espalhar mensagens políticas divergentes a norte-americanos antes das eleições presidenciais dos Estados Unidos no próximo ano, com operadores se passando por pessoas de dentro do país, disse o Facebook nesta segunda-feira.
O Facebook afirmou que suspendeu as contas nesta segunda-feira, bem como três redes separadas operadas no Irã. A rede russa "mostrou alguns vínculos" com a Agência de Pesquisa na Internet (IRA) da Rússia, segundo o Facebook, uma organização que Washington disse ter sido usada por Moscou para interferir nas eleições de 2016 que elegeu Donald Trump.
"Vemos esta operação visando principalmente o debate público dos EUA e se engajando no tipo de questões políticas que são desafiadoras e às vezes divisivas no país no momento", disse Nathaniel Gleicher, chefe de política de segurança cibernética do Facebook.
"Sempre que você faz isso, uma parte do seu envolvimento são tópicos que serão importantes para a eleição. Mas não posso dizer exatamente qual era o objetivo deles."
Autoridades de segurança dos EUA alertaram que Rússia, Irã e outros países podem tentar influenciar o resultado das eleições presidenciais do próximo ano e disseram que estão em alerta máximo por sinais de campanhas de influência estrangeira nas mídias sociais.
Moscou e Teerã negaram repetidamente as acusações.
As primeiras contas da rede datam de janeiro deste ano e a operação parecia "bastante imatura em seu desenvolvimento", disse ele.
"Eles estavam bastante focados na criação de público, que é o que você faz primeiro quando tenta montar uma operação."
Ben Nimmo, pesquisador da empresa de análise de mídia social Graphika, que foi contratada pelo Facebook para estudar a mais recente atividade vinculada ao IRA, disse que as contas sinalizadas compartilham material que pode atrair eleitores republicanos e democratas.
A maioria das mensagens plagiou material criado por vozes conservadoras e progressivas de alto escalão. Isso incluiu comentários inicialmente compartilhados no Twitter que criticaram a congressista norte-americana Alexandria Ocasio-Cortez, o candidato democrata à presidência, Joe Biden, e o atual presidente Donald Trump.
"O que é interessante nesse cenário é que muito do que eles estavam fazendo é copiar e colar material genuíno de norte-americanos reais", disse Nimmo à Reuters. "Isso pode ser indicativo de um esforço para ocultar deficiências linguísticas, o que as havia tornado mais fáceis de detectá-las no passado."
Um conjunto dessas contas também redirecionou matérias da mídia estatal iraniana para atingir usuários em países da América Latina, incluindo Venezuela, Brasil, Argentina, Bolívia, Peru, Equador e México.
As contas "normalmente publicavam sobre notícias políticas locais e geopolítica, incluindo tópicos como figuras públicas norte-americanas, política dos EUA e de Israel, apoio à Palestina e sobre o conflito no Iêmen", disse o Facebook.