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Cientistas descobrem geada em região "impossível" de Marte

Sondas europeias revelaram água congelada perto do equador marciano — o que é curioso, já que os cientistas acreditavam ser impossível a formação de gelo ali

10 jun 2024 - 23h15
(atualizado em 11/6/2024 às 02h27)
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Água congelada foi detectada em algumas das montanhas mais altas do Sistema Solar. Segundo os resultados obtidos por pesquisadores da Universidade de Berna, na Suíça, os vulcões gigantes de Marte têm geada em suas encostas. Os resultados são importantes para a exploração do Planeta Vermelho, afinal, futuros astronautas que estiverem por lá vão precisar destas e de outras reservas de água.

Foto: NASA/JPL/Malin Space Science Systems / Canaltech

O gelo foi descoberto no topo dos vulcões da região de Tharsis Montes, lar das montanhas mais altas de Marte e até do Sistema Solar — é ali que está Olympus Mons, vulcão com 26 km de altura. Isso torna a descoberta mais surpreendente, já que estas montanhas ficam mais próximas do equador marciano.

"Nessas baixas latitudes, a grande quantidade de luz solar tende a manter altas as temperaturas da superfície. Portanto, não esperávamos que houvesse geada ali", disse Adomas Valantinas, cientista planetário da Universidade de Berna, na Suíça.

A camada de gelo é mais fina que um fio de cabelo humano e parece se formar nas caldeiras dos vulcões nas noites dos meses mais frios em Marte. O gelo também foi detectado nas bordas destas estruturas, e evapora após o nascer do Sol. 

Apesar da pouca espessura, os cientistas estimam que a camada gelada está espalhada por uma área gigantesca: segundo a equipe do estudo, cerca de 150 mil toneladas de água (o equivalente a 60 piscinas olímpicas) se condensam diariamente no topo das montanhas durante as estações mais frias. 

"É a primeira vez que descobrimos água gelada nas caldeiras dos vulcões, e é a primeira vez que descobrimos água gelada nas regiões equatoriais de Marte", observou Valantinas. E, afinal, como o gelo se formou ali? Para os autores, o segredo pode estar nos ventos marcianos, que talvez tenham soprado ar úmido para as caldeiras.

Depois, o ar sofreu condensação e se acomodou por lá como geada, mas só em alguns momentos do ano. Além disso, modelos computacionais do processo indicam que o gelo é realmente feito de água, já que os picos das montanhas não são frios o suficiente para a formação de dióxido de carbono congelado. 

Valantinas destacou a importância da descoberta para a exploração do planeta. "É claro que queremos entender os processos físicos envolvidos no clima de Marte. Mas, além disso, a compreensão do ciclo da água em Marte também é de grande importância para o estabelecimento de recursos essenciais para a futura exploração tripulada, e para restringir a habitabilidade passada ou presente", conclui Valantinas.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Nature Geoscience.

Fonte: Nature Geoscience, University of Bern

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