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O que são microplásticos, de onde vêm e para onde vão?

Uma enorme quantidade de partículas de plástico é produzida e espalhada através de vários processos, afetando a vida marinha e até mesmo os seres humanos

3 ago 2022 - 12h36
(atualizado às 15h06)
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Microplásticos são pequenas partículas sólidas de materiais baseados em polímero (ou seja, plásticos) com menos de cinco milímetros de diâmetro. Além de levar milhares, ou até milhões de anos para se decompor, elas estão espalhadas por todo o planeta, inclusive na própria água potável.

O que são os microplásticos?

Existem duas categorias de microplásticos: primários e secundários. Os primários são partículas projetadas para uso comercial, ou seja, produtos como cosméticos, microfibras de tecidos e redes de pesca. Já os secundários resultam da quebra de itens plásticos maiores, como canudos e garrafas de água.

Essa quebra é causada pela exposição à radiação solar e as ondas do mar, entre outros fatores do meio ambiente. Em grande parte, tempestades, escoamento de água e ventos carregam plástico para nossos oceanos. Os produtos plásticos feitos para serem utilizados apenas uma vez são considerados a principal fonte de microplásticos secundários.

Microplásticos representam algum perigo?

Foto: Florida Sea Grant / Canaltech

Os microplásticos já foram detectados em inúmeras espécies de vida marinha, do plâncton a baleias, mas o problema não afeta apenas esses organismos — os plásticos já foram encontrados em frutos do mar comerciais e em água potável. Instalações padrão de tratamento de água não podem remover todos os vestígios de microplásticos.

Além disso, as partículas de polímero no oceano podem se ligar a outros produtos químicos nocivos antes de serem ingeridos por organismos marinhos. Ainda não se sabe muito sobre a extensão do problema, e o quão prejudicial essas partículas podem ser.

Para descobrir quais podem ser as consequências para a vida, os cientistas começaram a realizar experimentos em laboratórios antes mesmo de saberem que tipos de microplásticos existem em ambientes aquáticos. Por isso, eles dependiam muito de materiais como esferas de poliestireno, o que limitava o escopo do estudo.

Ao mudar para condições mais realistas e usar fibras ou fragmentos de plástico, os pesquisadores puderam ver o que provavelmente acontece nos rios e oceanos. Além disso, eles revestiram os microplásticos com materiais que imitam biofilmes (conjuntos de micro-organismos emaranhados em uma matriz de polímero orgânico, formados pela deposição e aderência de microrganismos em uma superfície de contato).

Com esse revestimento, os animais ficam mais propensos a comer as fibras de microplásticos, o que acabou revelando outro problema: as fibras demoram mais para passar pelos plânctons do que as esferas. Elas não são ingeridas, mas interferiam na natação e causam deformações no corpo dos organismos.

Quando os plânctons ficam expostos a fibras microplásticas, eles produzem metade do número normal de larvas, e os adultos resultantes são menores. Outros estudos descobriram que os caranguejos-toupeira-do-pacífico expostos a fibras tinham vidas mais curtas.

No início deste ano, foi detectada pela primeira vez a presença de microplásticos no sangue humano. Não só isso, mas os cientistas encontraram as partículas em quase 80% das pessoas testadas. Elas podem viajar pelo corpo e se alojar em órgãos, mas ainda não se sabe ao certo o impacto na saúde.

Mesmo sem saber exatamente os riscos para seres humanos, os pesquisadores estão preocupados porque os microplásticos causam danos às células humanas testadas em laboratório. Também já foram identificadas partículas em placenta humana e recém-nascidos e um estudo mais recente mostrou que o microplástico pode chegar ao cérebro dos fetos.

O futuro dos microplásticos no mundo

Ainda não parece haver microplásticos o suficiente para afetar seriamente a saúde humana, mas esse quadro pode mudar, e rápido. Em setembro de 2020, pesquisadores projetaram que a quantidade de plástico adicionada ao lixo existente a cada ano poderia mais que dobrar, indo de 188 milhões de toneladas (2016) para 380 milhões de toneladas (em 2040).

De acordo com a pesquisa, cerca de 10 milhões de toneladas desse lixo poderiam estar na forma de microplásticos, sem contar as partículas continuamente erodidas dos resíduos já existentes. A boa notícia é haver soluções comprovadas para reduzir a poluição plástica. A má notícia é que elas devem ser ampliadas o mais rápido possível.

Entre essas soluções, os cientistas como Winnie Lau, do Pew Charitable Trusts, em Washington, citam a mudança para sistemas de reutilização dos produtos plásticos, adoção de materiais alternativos e reciclagem. Com isso, a quantidade prevista de resíduos plásticos para 2040 poderia reduzir drasticamente.

Fonte: NatureNational Geographic, The Guardian

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