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Ciclone quase completo é destaque em incrível foto de satélite

Na península ibérica, combinação de altas temperaturas e redemoinhos submarinos pode ter criado um curioso quase-ciclone na costa, que não entrou no continente

11 jun 2024 - 06h00
(atualizado às 19h42)
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Uma curiosa foto mostra uma espiral de nuvens "encostada" na costa da Península Ibérica em 2017, um registro feito pelo satélite Terra, da NASA. O que os cientistas sabem é que o fenômeno é composto de nuvens e ar úmido do mar, misturado com o ar seco e limpo do continente.

Foto: NASA Earth Observatory/MODIS / Canaltech

A chamada rotação ciclônica, que também é responsável por tufões, ciclones e furacões, não "finalizou" a espiral, no entanto — e isso os cientistas não sabem explicar. A rotação das nuvens da fotografia foi muito mais devagar e fraca do que a rotação de tempestades tropicais, impedindo que o ar seco e o ar nublado se misturassem completamente, impedindo o vórtex característico dos furacões.

Isso também impediu que as nuvens entrassem no continente, criando o aspecto chamativo da imagem — no registro usado nesta matéria, luz infravermelha foi adicionada para deixar mais clara a diferença entre as nuvens e a terra.

Nuvens stratocumulus, as mesmas do semi-ciclone, não rotacionadas em foto da América do Sul (Imagem: NOAA Ocean Exploration)
Nuvens stratocumulus, as mesmas do semi-ciclone, não rotacionadas em foto da América do Sul (Imagem: NOAA Ocean Exploration)
Foto: Canaltech

O mistério do ciclone não formado

O motivo da rotação não ter finalizado é desconhecido pelos cientistas, mas há teorias. Stephen Joseph Munchak, meteorologista da NASA, comentou ao Observatório da Terra que o fenômeno pode ter sido causado por um fluxo de turbilhonamento, ou seja, uma corrente de água temporária que vai até as profundezas do mar.

A onda de calor extrema que se instalou no sul da Europa em julho de 2017 também pode ter tido um papel em impedir a mistura do ciclone. O calor criou uma grande diferença de calor entre os ares da terra e do mar, impedindo que as frentes de temperatura diversas se misturassem. No momento da foto, o clima na Espanha e em Portugal passava dos 40 ªC.

Para que um ciclone se forme, as massas de ar têm de se misturar e formar um vórtex, o que não ocorreu nas nuvens da Península Ibérica (Imagem: NASA/Wikimedia Commons)
Para que um ciclone se forme, as massas de ar têm de se misturar e formar um vórtex, o que não ocorreu nas nuvens da Península Ibérica (Imagem: NASA/Wikimedia Commons)
Foto: Canaltech

As nuvens da espiral são stratocumulus marinhas, caracterizadas pela baixa altitude, abaixo de 1,8 km, e pela capacidade de cobrir até 6,5% da superfície da Terra. Elas são consideradas nuvens comuns, mas possuem um aspecto curioso: elas só se formam na costa oeste de qualquer trecho de terra do mundo.

Isso se dá pela sua formação, precedida pela subida de água fria do mar profundo até a superfície, resultado do Efeito Coriolis (ou seja, por conta da rotação da Terra). Isso resfria o ar e permite que o vapor de água condense, formando nuvens.

Na costa leste das ilhas e continentes do planeta, o Efeito Coriolis não leva água fria até a costa, impedindo a formação das stratocumulus marinhas. As nuvens em redemoinho da foto se estenderam por centenas de quilômetros, persistindo por dias. Ciclones semelhantes surgiram na costa ibérica e do Marrocos no passado, mas não chegaram a ter nuvens tão bem definidas como no registro de 2017.

Fonte: NASA Earth Observatory

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