Atualizado às 3h30Cerca de 150 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiram ontem, às 17h30, a Fazenda Chão Preto, de propriedade do presidente do Congresso Nacional e Senado Federal, Jader Barbalho (PMB-PA). A fazenda, de 16 mil hectares, fica em Aurora do Pará, 250 quilômetros ao sul de Belém. Não houve conflitos durante a ocupação.
"Vamos ocupar esta terra grilada e cheia de falcatruas da Sudam", disse o coordenador estadual do MST, Raimundo Nonato de Souza, minutos antes de quebrar a cerca da fazenda. O MST também alega que a propriedade é improdutiva. Jader afirma que um relatório do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), de 1996, mostrava que a propriedade era produtiva.
A área invadida já foi denominada Agropecuária Campo Maior, fazenda em que Jader dividiu sociedade com o empresário José Osmar Borges, acusado de desviar mais de R$ 100 milhões da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).
Em janeiro 1998, Jader comprou a parte de Borges e a Campo Maior foi incorporada à Chão Preto, já que as duas eram vizinhas. A propriedade tem mais de 70 quilômetros de estrada, três açudes e pasto cultivado.
Segurança - No início da manhã, as polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal fizeram barreiras no município. Foram apreendidos facões com passageiros dos ônibus que chegavam à região para a invasão. Dois coordenadores estaduais do MST, Souza e Luiz Gonzaga da Silva, chegaram a ficar detidos por cerca de quatro horas por estarem dirigindo um carro sem habilitação.
A barreira dos policiais foi desmobilizada por volta das 10h30 por ordem do Comando Geral da Polícia Militar. Em seguida, o tenente Paulo Renato, do 11° Batalhão da PM, tentou convencer uma parte do grupo que esperava pela marcha a desistir da invasão. "Vocês não podem se deixar levar por outras pessoas", disse o tenente aos sem-terra.
A articulação para a invasão da fazenda de Jader começou há cerca de um mês, quando o MST chegou à região para cadastrar trabalhadores. "Estamos ouvindo essas histórias faz tempo, mas só agora a Polícia resolveu agir", afirmou o fazendeiro Edson Freire, proprietário da Fazenda Poliana, na região, que também já pertenceu ao presidente do Senado.