Terça, 01 de outubro de 2002, 16h45

Mil pessoas tiraram a roupa em uma manhã de abril (Reuters)

Apenas cerca de 350 das mil pessoas que tiraram a roupa em pleno Parque do Ibirapuera, em abril, para a performance do fotógrafo norte-americano Spencer Tunick, poderão ter acesso às suas fotos, que chegaram à Fundação Bienal ontem.

Sete meses depois, os participantes ainda não viram a cor da sua recompensa: uma fotografia 20 x 25 centímetros assinada por Tunick, um dos fotógrafos mais polêmicos da atualidade.

O artista, que veio ao Brasil convidado pela 25a Bienal de Arte de São Paulo, tem rodado o planeta atrás de multidões que topem posar nuas de graça e em nome da arte, para seu projeto "Nude Adrift". No ano passado, ele chegou a despir mais de 4 mil australianos.

"Ontem chegaram só algumas fotos. Mas isso não depende do artista, já que ele manda os negativos para uma empresa em Nova York e é ela quem nos envia as obras", disse o responsável pela produção da Bienal, Jacopo Crivelli Visconti. "Nós vamos entrar em contato por e-mail ou telefone com 300 ou 400 participantes para eles virem buscar as fotos aqui no prédio da Bienal", completou.

Ainda não se sabe a data da chegada do restante das fotos, mas Visconti afirmou que elas deverão ser entregues à Bienal nas próximas semanas.

No dia da performance, num sábado de abril às 5h30 da manhã, enquanto Tunick organizava a massa de modelos nus através de um alto falante, explicou que as fotos seriam entregues nas casas dos participantes no prazo de três meses.

Patrícia Yakabe, de 22 anos, que participou da performance junto com seu namorado, diz que se sentiu um pouco frustrada, pois "estava ansiosa e queria ver logo o resultado". "Mas não cheguei a pensar que fosse enrolação", afirmou.

Da experiência, ela lembra que "tinham muitos homens, é verdade, mas não deu vergonha. Todo mundo estava muito empolgado e queria tirar a roupa logo." "E o Spencer falava 'calma gente, ainda não é para tirar a roupa!"', contou a participante.

Tunick, que além da performance também apresentou uma série de fotografias dentro na Bienal, disse por e-mail à agência Reuters que estava muito chateado pela demora da entrega das fotos e que isso nunca havia acontecido em outros países. Ele prometeu que, quando voltar ao Brasil, será a vez dos cariocas se despirem.

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