De pen drives

a armas

Vagner Magalhães, direto de Foz do Iguaçu (PR)

Na entrada do Paraguai, as ofertas vão de eletroeletrônicos a armas. Foto: Fernando Borges/Terra

Ao se atravessar a Ponte da Amizade com destino ao Paraguai, é comum a recepção ser feita por um dos inúmeros homens que tem em mãos um folheto com ofertas de produtos eletroeletrônicos. Sempre há alguém disposto a indicar uma "boa loja" para a compra. Uma infinidade de pen drives, computadores e máquinas fotográficas, entre outros, estampam os folhetos.
Diante da negativa do cliente, que demonstra desinteresse pelas mercadorias, nova e variada oferta é feita, desta vez ao pé do ouvido: "ópio, haxixe, cocaína, maconha, armas". Não é exagero. O cliente diz o que quer e a negociação é rápida, feita às claras. O serviço oferecido é de entrega no Brasil, com pagamento no recebimento.
O mesmo acontece nas lojas. A negociação começa pela compra de um barbeador com marca similar ao de um original. Mais para a frente, o vendedor oferece um notebook, avaliado em US$ 500, superior aos US$ 300 da cota permitida pela Receita Federal aos turistas. Para entrar legalmente no País, seria necessária uma complementação de US$ 100 em impostos.

"Quem te disse que é preciso pagar os impostos?" Foto: Fernando Borges/Terra

O cliente diz o que quer e a negociação é rápida, feita às claras. O serviço oferecido é de entrega no Brasil, com pagamento no recebimento
No caso de desinteresse, sob a justificativa de estar acima da cota permitida - livre de impostos - o vendedor desdenha. "Quem te disse que é preciso pagar os impostos?". O serviço oferecido é o mesmo. Se o comprador aceitar, a mercadoria é entregue do lado brasileiro. O pagamento pode ser feito ao entregador.Próxima página
Para os eletroeletrônicos de pequeno porte, o caminho mais comum para burlar a fiscalização são os mototáxis. Ao preço de R$ 5, é possível cruzar a ponte de um lado para o outro. Os mototaxistas brasileiros só podem trabalhar a partir do Brasil e os paraguaios vêm de lá para cá.

Alguns deles admitem trazer ao Brasil produtos
Para os eletroeletrônicos de pequeno porte, o caminho mais comum para burlar a fiscalização são os mototáxis
ilegais a partir do Paraguai. Como os brasileiros voltam de lá sem passageiros, são usados para transportar as mercadorias, já que a fiscalização é por amostragem.
"Cada um tem o seu esquema do lado de lá. Os mototáxis são apenas um meio. Aqui as alternativas são muitas. Quando é algo mais arriscado, acaba cruzando pelo rio mesmo", diz um deles.

Do lado brasileiro, pelo menos 650 mototaxistas são cadastrados pela Prefeitura de Foz do Iguaçu. Em média chegam a fazer pelo menos 20 viagens diárias até o Paraguai.

Mototaxistas brasileiros fazem em média 20 viagens por dia até o Paraguai. Foto: Fernando Borges/Terra

Comércio é o ponto forte de Ciudad del Este. Foto: Fernando Borges/Terra