Fretado é mais barato, carro mais rápido

Vagner Magalhães
Direto de São Paulo

A consultora de negócios Marina Rampazzo, 22 anos, utiliza o serviço de ônibus fretado diariamente para o trajeto em sua casa, em São Caetano do Sul, até a região da avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, na zona sul de São Paulo. A partir do próximo dia 27 de julho essa situação deve mudar e ela terá de se adequar às novas normas que a Prefeitura de São Paulo promete implantar para a circulação desse tipo de veículo na cidade.


Entre os dias 6, 7 e 8 de julho, a reportagem do Terra acompanhou a consultora em três modalidades diferentes de transporte: fretado, integração ônibus-trem e veículo próprio. De carro ela chegou mais rápido, de fretado pagou mais barato e de transporte público ela teve de sair de casa 1 hora mais cedo e viajar a maior parte do tempo em pé.


A maior queixa dos usuários é ter de completar o trajeto no sistema público de transporte, por meio de integrações com o sistema público. Via de regra, o que se ouve do setor de fretados e de seus usuários é que o sistema não vai comportar a nova demanda. A prefeitura já anunciou novas linhas de ônibus e diz que o que existe hoje é suficiente para transportar todos.

Dia a dia

Na segunda-feira, dia 6, usuária saiu de casa às 6h30, caminhou cerca de 200 metros até embarcar no ônibus fretado que a levou até o trabalho. De São Caetano até o Brooklin, em São Paulo, o trajeto foi feito pelas avenidas de maior movimento e o trajeto foi finalizado em 1 hora e 21 minutos. Como julho é um mês de férias escolares, o trânsito, apesar de pesado, fluiu na maior parte do tempo.


"A principal vantagem do fretado é o conforto. Conhecemos praticamente todos os passageiros e não precisa se preocupar. Nos dias em que estou mais cansada, consigo até dormir um pouco", disse Marina.


No dia seguinte, para fazer a conexão entre um ônibus municipal, em São Caetano, e os trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Marina acordou uma hora mais cedo. Caminhou cerca de 200m para pegar o ônibus, que demorou cerca de 5 min, e embarcou em um veículo praticamente vazio.


Ao chegar na estação São Caetano da CPTM, também embarcou rápido, mas teve de fazer o trajeto em pé. A maior dificuldade do trem, segundo a usuária, é o grande número de embarques (quatro) e a lotação.


"Um trajeto de cerca de 20 km entre a minha casa e o trabalho, de trem, aumenta para 50 km", diz. Para concluir a viagem, ela fez novos embarques nas estações da Luz, Barra Funda e Presidente Altino (Osasco).


"Para chegar ao trabalho passamos hoje por três municípios: São Caetano, Osasco e São Paulo. Fazer isso todos os dias é muito cansativo. Hoje acordei 1 hora mais cedo e por isso os trens não estavam tão cheios. Mas se sair depois das 6h, muitas vezes não se consegue entrar", disse.


O último dia de viagem, de carro, foi o mais rápido. O percurso foi percorrido em 44 minutos. "Sem dúvida o carro é o mais rápido. O principal problema é o estacionamento, que é caro", disse.


No dia em que foi de carro, Marina estacionou o veículo na rua, ainda que o veículo não tenha qualquer tipo de seguro.


Nesta semana, a Secretaria Municipal de Transportes eliminou mais de 3 mil vagas de estacionamento na região da avenida Luiz Carlos Berrini, próximo ao trabalho de Marina, também com o objetivo de melhorar o fluxo de veículos. Os estacionamentos da região cobram mensalmente preços a partir de R$ 200.


O diretor Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros por fretamento e Para Turismo de São Paulo e Região (Transfretur), Jorge Miguel afirma que a prefeitura está tentando resolver problemas pontuais com um tiro de canhão. "Esse tiro de canhão devia ser dado nos automóveis. É razoável que não se atenda 100% das nossa reivindicações. Não acredito que o Kassab publique isso sem conversar com a gente, reclama.


Miguel afirma ainda que o sindicato pretende manter o diálogo com a prefeitura até o último momento. "Queremos o diálogo e aceitamos discutir vários pontos, o que não se pode é inviabilizar uma categoria".