O que acontecerá com Augusto Pinochet?
Será declarado inocente
Será preso
Será declarado incapaz
Morrerá antes de ser julgado

Augusto Pinochet Hiriart:
DE QUE VAI ADIANTAR MEU PAI PEDIR PERDÃO?

O filho do general da reserva Augusto Pinochet, decidiu falar à Terra por que a oportunidade de falar diretamente e conversar com os internautas lhe permite não ser editado como, segundo afirmou, ocorre com os meios escritos tradicionais.

O que você sente quando sua família diz à midia que você está "um pouco nervoso e descontrolado" e quando a imprensa o rotula como "louco"?
Neste país se usa muito esta palavra, a forma de expresar-se as vezes não é a mais adequada. Se alguém faz coisas que são estranhas ao resto, ou coloca mais enfase em um assunto, passa a ser louco. Mas os grandes homens foram rotulados de loucos. Por isso, se chegassem a me incluir entre eles estaria feliz.

Alguna vez foi ao psicólogo?
Fui quando era criança, porque era hiperativo. Tinha mal gênio. Mas não estava louco. Agora, no decorrer da vida isto foi mudando, em relação à hiperatividade. Agora já não sou tanto.

Como é o verdadeiro Augusto Pinochet Hiriart, o que as pessoas não conhecem?
Dizem que é muito difícil descrever a si mesmo. Sou um homem normal, com uma grande capacidade criativa. Impulsivo, mas sei me controlar. Isso só consegui com os anos.

Você já disse que não descarta, daqui há alguns anos, candidatar-se ao senado. Como se deu esta mudança? Porque você e seu pai, antes, falavam em "politicagem"?
Eu penso que as palavras tem que ser tomadas em sua dimensão. Fazer política é diferente de fazer politicagem. O que se pretende é fazer política porque isto é desenvolver idéias que levem o país a crescer. A politicagem é se envolver com questões de prazo imediato ou de coisas passadas, e mantê-las sob o tapete. Isto é uma ação de politicagem. Meu pai sempre criticou isto: não lutar pelo Chile com coisas novas.

Você acredita que os chilenos o elegeriam para o senado?
Isto só saberemos no dia da votação.

Você acredita que seu pai perderá a imunidade parlamentar?
Espero que não. Por uma razão talvez fora de contexto. Creio que há uma grande porcentagem de pessoas que admira meu pai, que entende o que ele projetou, quis fazer e fez. Não são poucos. Se ele perder a imunidade e for a julgamento, é voltar outra vez para o processo de perseguição política. Porque aqui não há um elemento de juizo histórico. Existem muitas partes envolvidas, que tiveram participação e estão tratando recontar suas ações e contar a história a seu modo.

Partindo deste princípio é melhor alcançar uma lei de ponto final?
Acredito que sim. Todos os países precisam determinar quais são seus pontos, fortalecê-los e seguir adiante. Não podemos ficar estagnados como país sem evoluir porque as conseqüências estão ao alcance da vista.

Você acha que seu pai está senil?
Não sou médico, não posso determinar. Sim, eu tenho notado que sua imensa capacidade de trabalho e de raciocínio diminuiu, mas não poderia dizer que ele perdeu o juizo. Para mim está bem. Mas eu não sou médico.

O QUE SÃO DOIS MIL EM QUIZE MILHÕES
Você ainda acha, como disse em uma entrevista, os familiares de presos desaparecidos ou "os afetados" são "bem poucos"?Considerando que existem mais de 2,9 mil desaparecidos que constam no informe Rettig*.
Insisto que sim. Em 15 milhões de habitantes se considera que são muito dois mil? O conceito de dor pessoal é totalmente aceitável e lógico. A sensação de perda se mantém no tempo e no espaço. Ambos os lados sofremos isso. Foi um rompimento de um país. Se quisermos terminar com esta história teremos que considerar que essas pessoas foram poucas dentro de um grande contingente humano. Eles têm que aceitar o peso histórico.

Segundo o senhor, os militares de direita já aceitaram o seu papel histórico?
Obviamente. Faz muito tempo. Do contrário não se teriam realizado tudo o que produzimos. Nós militares sempre fomos parte intrinseca do país e sentimos, como militares, como soldados que combateram, ter que lutar contra gente com quem não deveríamos ter lutado. Mas foram eles que nos levaram a isto, não fomos nós que provocamos isto. A história está sendo escrita de maneira distorcida. Quando um país não fecha suas feridas, elas se mantêm presentes. Isto de inaugurar um monumento a Allende é um ato de governo, eles estão governando novamente. Espero que o façam da melhor forma.

Então reconhece que houve excesso dos militeres sobre gente inocente?
É o que acontece quando um jovem sai e lança uma bomba contra um carabineiro. O mata. Então os outros carabineiros sempre terão raiva dele. E vice-versa. Isso acontece. Quando a violência entra nas pessoas elas não pensam. Agem de forma irracional. A atitude que houve de criar guerrilhas, quem convidou estas pessoas a colocar bombas em colégios?

Seria válido que tanto esquerda, quanto militares, seu próprio pai, pedissem perdão?
O perdão não é somente pedi-lo. Tem que ser sentido de verdade. Eu pesso perdão milhares de vezes pelos meus erros, como todo ser humano. Não se pode pedir perdão por instituições e países. Eu posso pedir perdão. Do que meu pai vai pedir perdão? De que vai servir pedir perdão?

Que tal por não haver sido capaz de evitar os excessos que aconteceram?
Para julgar o que aconteceu temos que reviver aquela época. O rompimento que havia então. Nós éramos pão de sanduiche e essas seqüelas ainda existem. O próprio presidente Aylwin (primeiro presidente eleito democraticamente depois da ditadura de Pinochet) teve que controlar as ações extremistas com mão de ferro. E eles ficaram calados, tiveram que parar com as ações extremistas.

MESA DE DIÁLOGO
Acredita que através das mesas de diálogo vão se encontrar os corpos dos desaparecidos?
Quero ser justo. Com o tempo é muito difícil determinar exatamente o que ocurreu. A memória não é exata, é frágil. Espero que sim, que se descubra o que aconteceu e onde estão estas pessoas.

Quando era membro ativo das Forças Armadas do Chile, nunca se preguntou o que se passava?
Somos parte de uma estrutura. E as estruturas são fragmentadas. No meu trabalho, a parte técnica, não se questiona nada. Nenhum profissional neste caso vai questionar.

O senhor tinha 29 anos no dia 11 de setembre de 73, como viu este dia? Estava a par dos planos de seu pai?
Ele era o comandante em chefe do exército. O planejamento do exército foi muito fragmentado, conhecido apenas nos altos escalões. Está tudo muito bem descrito em O Dia Decisivo uma obra de meu pai. Eu o vivi apenas como soldado. Fui designado para participar em confrontos. Me deram uma arma muito sofisticada, de alto calibre. Quando saí à rua não conseguia determinar com que arma atiravam contra mim. Mais tarde vim a saber que também eram armas sofisticadas. Atirei várias vezes porque também atiravam contra mim. Não eram balas de caramelo.

NÃO SEI SE MATEI EM COMBATE
Sabe se chegou a matar alguém nestes combates?
Não sei. Quando você atira, o faz para matar. Na pior das hipóteses foi mais de um. Em um combate um segue os outros.

Acredita que o que aconteceu em 1973 poderia repetir-se?
Deus queira que não. Por isso não podemos semear ódio. Este não é um processo que começa instaneamente. O 73 foi um processo que començou nos anos 50. Essa é a verdade. Mas vários fatores políticos que levaram o país a isto ainda estão vigentes hoje.

Os atores de nosso governo poderiam estar nos levando a isto?
Espero que não. Se semearmos ódios, depois colheremos tempestades.

Acredita que o Chile estará melhor quanto seu pai falecer?
Os homens passam, os países evoluem, mas o que semeamos é o que as próximas gerações colherão. Meu pai semeou. A semente ainda está sob a terra. Faltam gerações para que seja possível colher e enteder o que ele plantou, para que seja possível ver o valor que tem. Meu pai tinha como objetivo fazer um Chile grande. Essa foi a única missão de meu pai. Ele plantou uma semente para o Chile. A deu novamente ao Chile, porque ela havia sido perdida. Hoje me da medo porque muitos titubeiam. Este é nosso país. O que vemos é conseqüencia do que nós fazemos. Amar nossa bandeira é o que algum dia vai germinar.

Os chilenos são então mal agradecidos com a obra de seu pai?
Indiscutivelmente. Você concebe que haja pobreza em um país de 15 milhões de habitantes? Já se passaram dez anos e a pobreza segue crescendo. A primeira coisa que se fez ao começar o governo das Forças Armadas foi dar dignidade aos chilenos. Cada chileno é dono de uma porcentagem do território, formamos o Estado do Chile. Somos donos do mar, céu, terra, cordilheira, espaço e tudo o que significa Chile. E ao não respeitar isto, não respeitamos nosso sonho.





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