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Oposição obtém ganhos históricos em eleições no Zimbábue

Segunda, 26 de junho de 2000, 23h24min
O principal partido opositor do Zimbábue, Movimento pela Mudança Democrática (MMD), criado em setembro, obteve ganhos históricos na mais concorrida eleição parlamentar realizada no Zimbábue desde sua independência, há 20 anos, de acordo com resultados divulgados nas primeiras horas desta terça-feira (27, pelo horário local).

Com o anúncio dos resultados de 100 das 120 circunscrições eleitorais durante a madrugada de terça-feira, o principal movimento oposicionista zimbabuano tinha 48 cadeiras, contra 51 do partido governista, informaram autoridades eleitorais. Um pleito tão concorrido é quase uma revolução em um país onde o partido do presidente Robert Mugabe prevaleceu praticamente sem concorrentes desde 1980. Nas eleições anteriores a oposição conquistara apenas três cadeiras.

As eleições parlamentares foram realizadas após meses de uma campanha relacionada com atos de violência e agitação devido à invasão de centenas de fazendas de propriedade de brancos por bandos armados de negros. Para os oposiciconistas, as invasões foram permitidas pelo governo de Mugabe. Alguns chegaram a acusar o governo de encorajar as invasões para obter apoio entre negros sem terra antes da votação.

Tanto o partido de Mugabe quanto o Movimento por Mudança Democrática celebraram vitória nas eleições parlamentares do fim de semana. Depois do anúncio dos primeiros resultados na televisão nacional, alguns partidários do MMD saíram às ruas de Harare tocando as buzinas de seus carros e gritando "mudança". A oposição teve boa performance em áreas urbanas, como era previsto.

Diversos importantes candidatos do partido governista e ministros de gabinete perderam suas cadeiras nas eleições deste fim de semana. O ministro da Justiça Emmerson Mnangagwa sofreu uma imponente derrota em seu distrito rural por um oponente que foi obrigado a fugir da região e esconder-se depois de ter sido atacado por militantes do partido governista. O ministro de Assuntos Internos, Dumiso Dabengwa recebeu menos de quatro mil dos 24 il votos depositados nas urnas de seu distrito, no sudoeste do país.

Com a economia do Zimbábue abalada, o partido de oposição oferece o mais forte desafio ao partido de Mubage, a União Nacional Africana do Zimbábue Frente Patriótica (Zanu-PF), desde que ele liderou a independência do regime de minoria branca em 1980. O grande comparecimento às urnas, estimado em mais de 3 milhões dos 5,1 milhões de eleitores registrados, saturou os locais de apuração, provocando atrasos na confirmação dos resultados. O comparecimento "foi demais... duas vezes maior do que nas vezes anteriores", disse Tobaiwa Mudede, uma autoridade eleitoral.

Enquanto isso, a polícia era mobilizada em todo o país a fim de evitar qualquer confronto entre partidos rivais. A polícia antimotim foi enviada para o bairro de Budiriro, na capital, cena de vários choques nas últimas semanas entre partidários do Zanu-PF e militantes da oposição. Não houve nenhuma notícia de confrontos neste terça-feira (hora local) e a polícia pediu calma a todos. "Aqueles que vencerem têm de ser generosos e não transformarem os perdedores de alvos. Aqueles que perderam devem aceitar a derrota com honradez", disse o comissário de polícia Augustine Chihuri em pronunciamento à nação.

Apesar de Mugabe não estar disputando esta eleição - seu mandato presidencial expira apenas em 2002 -, um forte desempenho da oposição seria um grande golpe para o líder autocrático. Das 150 cadeiras do parlamento, 120 estão em jogo. Mugabe e seus aliados indicam quem ocupará as 30 cadeiras restantes, dando a eles uma expressiva vantagem.

A oposição precisará de 76 cadeiras para obter maioria simples e bloquear projetos de lei propostos por Mugabe. Mas, aparentemente, o MMD não conseguirá a maioria. No parlamento atual, o partido de Mugabe só não controla três cadeiras.

Vários seguidores de Mugabe enfrentam duras disputas no setor rural, tradicional bastião de Mugabe, onde ele permitiu que militares de seu partido ocupassem ilegalmente centenas de fazendas de propriedade de brancos. Essas ocupações contribuíram para a violência política que deixou pelo menos 30 mortos, a maioria oposicionistas, desde fevereiro.

Milhares de pessoas foram espancadas e ameaçadas - principalmente por seguidores do partido governista - nos dias que antecederam as 48 horas de eleições parlamentares encerradas ontem. Observadores internacionais da União Européia (UE) disseram na manhã desta segunda-feira que as eleições mais disputadas da história do Zimbábue foram manchadas por uma campanha de violência e ameaças e que, por enquanto, não poderiam ser consideradas livres e justas.

Líderes do partido de Mugabe "pareciam condenar o uso da violência e da intimidação contra adversários políticos e contribuíram significantemente para o clima de medo tão evidente durante a campanha eleitoral", informou a UE em uma avaliação do processo eleitoral. Partidários da oposição também perpetraram ataques, mas em menor escala. Além disso, seus líderes eram claros ao condenar atos violentos.

O candidato oposicionista Roy Bennett, um fazendeiro branco que teve de fugir temporariamente de sua propriedade depois da ocupação desta por militantes da chapa governista, conquistou uma retumbante vitória no distrito de Chimanimani, nas proximidades da fronteira com Moçambique.


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Agência Estado

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