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Farc advertem sobre conflitos entre governo e MST

Quarta, 24 de maio de 2000, 01h25min
Os choques armados do Movimento dos Sem Terra (MST) com a polícia, o Exército e os seguranças de fazendas invadidas ou ameaçadas de invasão podem arrastar o Brasil a um conflito armado como o que ensangüenta a Colômbia há mais de três décadas. O alerta vem de ninguém menos que um integrante do Estado-Maior Central das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo (Farc-EP). "Abram o olho com isso! Aqui começou assim", avisou o comandante Iván Ríos em entrevista exclusiva ao Jornal da Tarde no povoado de Los Pozos, na zona desmilitarizada do sul do país, onde se desenrolam há um ano e meio complicadas negociações de paz entre as Farc-EP e o governo.

A guerrilha colombiana desmente categoricamente que dê treinamento militar para militantes do MST, como denuncia repetidamente a União Democrática Ruralista (UDR). Mas uma fonte muito bem colocada no alto comando das Farc-EP a confidência de que a organização "mantém relações, no Brasil, com o MST e o partido do Lula (como se chama mesmo?)" Este comandante classifica como "bobagem" as versões sobre treinamento de brasileiros: "Veja se nós temos tempo para isso..." Mas a ordem da citação e sua "intimidade" com a sigla sugerem uma afinidade maior com os sem-terra.

Não é de se estranhar, quando se recorda que a guerrilha colombiana, a mais antiga (e hoje a mais poderosa e violenta) da América Latina, nasceu de um conflito agrário, na virada dos anos 50 para os 60. "É assim que essas coisas começam. Foi assim que começou na Colômbia", relembrou o comandante Ríos.

"O Estado começou a agredir o povo, a justificar a agressão física contra o povo. E, claro, o povo se levantou. Foi assim que aqueles 40 camponeses que celebraram em 27 de maio de 64 a primeira conferência guerrilheira se transformaram no que somos hoje: 60 frentes, agrupadas em sete blocos, 'e algo mais', como diz o comandante Manuel Marulanda", conta o líder guerrilheiro. E ele conclui, novamente em tom de "conselho" ao governo brasileiro: "É perigoso reprimir os movimentos de massa."

Estado ausente - Uma olhada rápida nos mapas viários bastaria para compreender o quanto é real o risco de o conflito colombiano atravessar a fronteira amazônica com o Brasil. Dos dois lados, a malha de estradas – um indicador da presença do poder público e da integração territorial – acaba muito antes dali. Uma visita à região, onde a densa mata cobre vales e encostas da Cordilheira Oriental (do lado colombiano), é ainda mais convincente.

A extensa fronteira, não-demarcada, "vazada" por rios e totalmente vulnerável no espaço aéreo, foi "descoberta" há tempos pelos traficantes de drogas e armas. Eles têm até uma "avenida" pelos rios Putumayo e Solimões, uma rota que leva cocaína até Manaus, via Letícia (Colômbia) e Tabatinga (Brasil), e da capital amazonense para os EUA, via Suriname e Caribe.

Na "mão" oposta, armas contrabandeadas do Brasil chegam a território colombiano – para criminosos e guerrilheiros. Segundo o presidente Andrés Pastrana, este negócio triangular explicaria o súbito fortalecimento das Farc-EP nos últimos anos, à sombra da corrosão da autoridade do Estado.

"Não nos metemos" - A linha oficial da guerrilha colombiana é manter "relações respeitosas" com os países vizinhos. Foi o que fizeram questão de frisar, além de Iván Ríos, dois integrantes do secretariado nacional das Farc-EP: os comandantes Raúl Reyes, porta-voz da organização no processo de paz, e Alfonso Cano, ideólogo do braço político recém-lançado pela guerrilha, o Movimento Bolivariano pela Nova Colômbia.

"Podemos ser solidários com os movimentos dos sem-terra no Brasil, que até onde eu sei não são propriamente movimentos armados, mas organizações amplas de massas", pondera o comandante Ríos. "Mas pensamos que não devemos nos meter nesse assunto, porque é delicado e já temos por aqui problemas suficientemente complicados".
Jornal da Tarde

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