Com quase dez anos de atraso, chega finalmente a Nova York o conceito do
Mercado Mundo Mix. O badalado bairro fashion de NoLIta ganhou em setembro a
primeira edição do The Market, um bazar descolado que tem araras de 50
estilistas, produtores de acessórios e dealers de raridades de época - com
itens sendo vendidos a preços mais camaradas do que os praticados na
região.
É incrível imaginar que, apesar dos vários "mercados de pulgas" (que são
mais especializados em antigüidades), Nova York ainda não tinha uma versão
do ultra-bem-sucedido Mercado Mundo Mix. Os organizadores resolveram levar
a idéia adiante ao notar que a cidade tem uma legião de estilistas/artistas
que produz peças bacanas e não tem onde vender.
O sucesso (ainda moderado, segundo um estilista brasileiro que participou
de algumas edições) também aponta para um fenômeno que parece não esfriar
na moda internacional: a filosofia do "do-it-yourself" ("faça-você-mesmo")
e a tendência da customização. Boa parte das peças encontradas no The
Market são únicas e seguem o estilo do
retalho-aplicado-sobre-t-shirt-rasgada-feita-de-sobra-de-tecido (o bazar
acontece todos os sábados no St. Patrick's Youth Center, na Mulberry Street).
Veja alguns estilistas que abusam da customização das peças:
Coopa Roca
Lorenzo Merlino
Ronaldo Fraga
Sommer
A sede por peças exclusivas, que tomou conta da moda desde 2000, vem se
aperfeiçoando. A idéia que antes era restrita a pequenas lojas
especializadas (como a da brasileira Jussara Lee, no Meat Market, em que a
cliente pode escolher tecido, botões e acabamentos), agora foi parar até na
Burberry. A famosa marca inglesa abriu uma nova loja na Inglaterra que traz
uma sala especial chamada "The Art of the Trench" (em referência aos
famosos trenchcoats da grife). No local, os clientes podem fabricar os
próprios casacos, escolhendo formatos de golas, forro, tipo de costura e
comprimento.
Se o excesso da reciclagem proposto por marcas como a performática
Imitation of Christ ficou para trás, o público cada vez mais procura por
individualidade. Até o gosto das massas parece estar mudando ? como mostram
os prejuízos constantes de grifes tipo fast-food, como a Gap. Muita gente
descobre que pagar caro por uma roupa onipresente de uma grife famosa é o
oposto do cool.
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