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A cena powerpop de Porto Alegre
Buenas, pra não dizer que não falei de flores: talvez eu tenha passado a impressão de que em Porto Alegre não tá acontecendo nada de interessante em termos de música. Que injustiça! Apesar da cena não demonstrar muito interesse em fazer um crossover com ritmos regionais, gerando o que se poderia chamar de um pampabit, existem coisas bem legais acontecendo, sim. E elas acontecem geralmente nas redondezas do Garagem Hermética, que vem a ser o lugar mais legal da cidade. Se o underground fosse um carinha, e esse carinha fosse abordado pela polícia numa madrugada fria, e os hômi perguntassem onde ele morava, o underground certamente responderia "Barros Cassal, quase esquina com a Independência". Praticamente toda noite rola um show ali, geralmente depois da meia-noite. É lá que as pessoas se conhecem, fazem projetos que depois esquecem porque beberam demais, comentam a cena, reclamam da cena, essas coisas todas. De certa forma, é o bar mais recifense de Porto Alegre, por mais dificuldade que eu tenha de explicar exatamente o que isso significa, não vou nem tentar, só vou dizer que quando estou lá me sinto um pouco na Rua da Moeda (a rua mais alternativa do bairro do Recife Antigo). Estranhamente, uma das bandas mais promissoras desta tal de cena powerpop é a Bidê ou Balde, que nunca tocou nem provavelmente nunca tocará no Garagem. Nada contra, os integrantes da banda vivem por lá, mas eles resolveram teimar, ser diferentes, e simplesmente se recusam a tocar na casa. O primeiro CD dos caras tá saindo por agora, pela Abril, e é só alegria, guitarras misturadas com melodinhas docinhas, vocais meio Pixies, uma versão em português pra "Buddy Holly" do Weezer, terninhos e vestidos, acho que vocês já pegaram o espírito. Hit garantido: "Melissa". Outra banda legal, e essa toca direto no Garagem, é a Video Hits, capitaneada pelo Diego Medina, um dos heróis do underground gaúcho. O cara tá na batalha há um tempão, chegou a emplacar um hit local, "Epilético", ainda sob o nome de Doiseumindoisema, depois mudou pra Grupo Musical Jerusalém, teve que mudar, acreditem se quiser, porque já existia um grupo folclórico judaico com este nome, e chegou à maturidade musical com a Vídeo Hits. Tecladinhos antigões, duas backing vocals, guitarradas e melodias deliciosas, influenciadas por - ó os cara de novo - Weezer, Jovem Guarda, Graforréia Xilarmônica, Ronnie Von, tudo isso embebido no Estranho Mundo de Diego Medina. Eles têm um CD demo lançado, "Doces, Refrescos e Tratamentos Dentários", que é tão legal, tão vibrante e tão pra cima que virou a trilha sonora oficial da faxina aqui em casa. Pedidos pra medinabu@terra.com.br Mais algumas bandas-chave nesse cenário: Tom Bloch - mais séria, superprofissional, concorrendo a democlip no próximo Vídeo Music Brasil e, segundo consta, cada vez mais furiosa no palco - Winston, uma guitar band por excelência e Os Massa, com uma formação tão instável que costuma incluir quem estiver por perto na hora. Ajudando a esquentar e divulgar a cena, promovendo festas, publicando resenhas e se fazendo presente, a galera do Cardosonline, o e-zine que virou um fenômeno de popularidade por aqui, já com mais de 2.500 assinantes. Recomendo uma visitinha ao site dos caras no www.cardosonline.com.br . Ah, e a cena tem até uma espécie de grito de guerra, ouvido direto nos shows, que já foi até musicado: "Vem, delícia!". Nada muito sério, nem muito político, nem nada. É apenas powerpop, mas eu gosto. Obs: alguns dias depois de escrever o texto sobre as bandas powerpop de POA, recebi o Manifesto Vem Delícia, que dá uma idéia bem clara do espírito que anima a cena.
Marcelo Firpo é colaborador |
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