Data: 7/11/2009
Duelo: Sport x Cruzeiro
Repórter: Olívia Mindêlo
ANTES DO JOGO
É verdade que na Ilha do Retiro não faltam WCs. O que falta mesmo é reforma. E uma manutenção mais atenta na limpeza desses espaços. Vazamentos constantes, portas caindo aos pedaços, azulejos descolando, paredes pichadas, além de uma sujeira visível em vasos sanitários e pias são alguns dos pontos que reforçam essa constatação. No geral, o aspecto é de abandono.
Um rolo de papel higiênico pela metade dá as boas-vindas ao torcedor em um dos WCs da arquibancada da Ilha. “Sirva-se”, sugere o objeto na porta de entrada. Nos banheiros do Sport, é assim que funciona. Diferente de outros estádios, não há ninguém controlando a quantidade de papel. Os usuários ficam à vontade para pegar quanto quiserem. Mas quando acaba, quase sempre fica por isso mesmo. E, dentro das cabines, não é possível encontrar. Só pelo chão, porque lixeiras não existem em nenhum dos banheiros visitados – masculinos ou femininos.
No geral, o aspecto de limpeza é um tanto precário nesses locais. Não há mau cheiro, mas também não existe sinal de que foram limpos recentemente. Já é possível ver absorvente usado no chão de uma das cabines do banheiro feminino da entrada da arquibancada. A pia tem uma crosta de sujeira acumulada. Tolha ou papel toalha para enxugar as mãos? Falta. Portas com trancas? Algumas sim, outras não. Água nas torneiras? Sim. Nas descargas? Sim. Sabonete na pia? Nem pensar. Reportagem flagra pichações, porta se desfazendo e azulejos caindo das paredes.
Subindo as rampas de acesso às arquibancadas, mais banheiros para os torcedores. O aspecto de limpeza é melhor do que no térreo e parece que algum funcionário deu uma geral por ali. Tanto no masculino quanto no feminino. O WC das mulheres tem cheiro de eucalipto, como banheiro de clube. Tudo bem, não fosse um barulho de cachoeira vindo de uma das cabines: vazamento forte na descarga, de onde não para de descer água. Uma poça pelo chão se alastra.
DURANTE O JOGO
O momento geralmente mais caótico dos banheiros de estádio é, nesta partida, relativamente tranquilo. Sem filas, sem espera. Apenas um fluxo maior de torcedores, que se dividem entre a cantina e os WCs. O nível de limpeza piora um pouco, mas não muito. O vazamento detectado no WC feminino segue forte. Desperdício contínuo. Água pelo chão. Risco às torcedoras. No mesmo corredor, outro vazamento começa a sair de um inutilizado WC masculino. Abandono parece a palavra adequada para definir o estado dos banheiros rubro-negros. Não há gente, só resquícios humanos.
Se já não tinha muito papel higiênico disponível, agora começa a ser artigo raro. Cada vez mais. Toalha e sabonete para as mãos? “Peraí, isso é um estádio, não é um shopping. Já fui a vários estádios e é tudo a mesma coisa”, defende o policial civil e torcedor do Sport Wagner Wanderley, 30. Água não falta. Nas torneiras, nas descargas e... nos pisos. Reforma hidráulica pede lembrança. Nos banheiros masculinos, cheiro de urina começa a sair pela porta de entrada. Uma lama preta se forma no chão. Usar na limpeza a água desperdiçada seria uma boa alternativa.
DEPOIS DO JOGO
Fim de jogo na Ilha. 19h23. Cruzeiro 3 x Sport 2. Cabisbaixos, rubro-negros começam a deixar o estádio. Alguns aproveitam para ir aos WCs. A descrição do banheiro poderia ser feita em qualquer ocasião do jogo. Antes, no intervalo ou depois. Neste momento, a situação é um pouco pior em relação ao início, porque não há sequer papel higiênico e o cheiro de urina aumentou. Mas os demais itens continuam semelhantes: nível de limpeza péssimo, sem toalha, sem sabonete, sem limpeza. Apenas água na pia e nas descargas, com vazamentos visíveis.
Segundo Otávio Coutinho, vice-presidente de patrimônio do Sport, uma vez por ano são feitos reparos no estádio, geralmente nos 30 dias que antecedem o Campeonato Pernambucano. "Fazemos uma manutenção jogo a jogo, mas reforma mesmo só se for de grande urgência. Por exemplo, na torcida jovem, só há dois banheiros. Se pararmos um, o torcedor fica sem opção".
Só na arquibancada frontal, são quatro femininos e cinco masculinos; no camarote, quatro; na social, dois; na arquibancada do placar, três; e por aí vai. Cada um desses tem uma média de três cabines. Uma quantidade proporcional à capacidade da arena dos leões: 33.050 pessoas sentadas.