Milão - Os clubes italianos pararam no tempo, disse o ex-técnico da seleção da Itália Arrigo Sacchi na quinta-feira, depois que os principais times do país não conseguiram se classificar para as quartas-de-final da Liga dos Campeões.
A eliminação da Roma, com a derrota por 2 a 0 para o Liverpool, e a lanterna amargada pela Juventus no grupo D provocaram clamores por uma reformulação nos conceitos do futebol na Itália.
Sacchi, que venceu a Liga dos Campeões em 1989 e 1990, ambas com o Milan, na época de ouro dos times italianos, disse que os clubes da Série A não conseguiram acompanhar a evolução do esporte.
"O problema é que estamos muito ultrapassados", disse Sacchi ao jornal Gazzetta dello Sport. "Estamos longe da mentalidade, do método e do estilo de jogo que praticam a Europa e o resto do mundo".
"Nós não oferecemos nada de novo, ou quase nada. Não temos o desejo de mudar nossa forma de pensar, que vem nos acompanhando por muitos e muitos anos. Essa é a razão de nossas derrotas".
Outro ex-técnico da seleção da Itália, Enzo Bearzot, que levou a "Squadra Azzurra" a seu último título mundial, em 1982, disse que a causa dos problemas nos clubes está no grande número de jogadores estrangeiros.
"É difícil administrar um elenco de jogadores dos cinco continentes", disse Bearzot, que atualmente coordena o departamento técnico da Federação Italiana de Futebol.
Para o atual técnico da seleção, Giovanni Trapattoni, a culpa está na excessiva pressão a que os clubes estão submetidos.
"Em outros países, técnicos e jogadores podem trabalhar em um ambiente mais calmo", disse Trapattoni, que já dirigiu o Bayern de Munique.