São Paulo - O Santos é responsável pela camisa 10 ser a mais valorizada no futebol brasileiro. Desde 1956, ano em que o então garoto Pelé estreou pelo clube, a imagem da camisa branca com o 10 nas costas correu o mundo e passou a ser reservada à fera do time, ao craque. Mas hoje, às 15h, contra o Bahia, na Vila Belmiro, o Peixe dá seqüência a uma nova tradição: a mística da camisa 7.
Usada por Marcelinho, o número do antigo ponta-direita passou a ser o mais valorizado na Vila Belmiro. Por um motivo simples: é o favorito do presidente Marcelo Teixeira e do pai, o ex-dirigente Mílton Teixeira.
Acreditando no cabalismo do sete, a camisa foi guardada, desde que assumiu o Peixe, em janeiro do ano passado, às contratações especiais, como uma espécie de amuleto de sorte. Foi assim com Edmundo (deu errado). Está sendo assim com o Pé-de-Anjo Marcelinho.
“Eu uso esse número há muitos anos. Nem discuti a possibilidade de vestir a 10”, desconversa Marcelinho.
Se fosse há alguns anos, o Pé-de-Anjo receberia automaticamente o uniforme de Pelé. Foi assim com os grandes armadores da era pós 1974. Aílton Lira, Pita, Humberto e Giovanni. Mesmo contratações de impacto que não deram resultado foram encarregados de vestir o manto do Rei, como Neto e Dodô.
“Por coincidência, só comecei a usar a 10 há alguns meses. É especial e um orgulho grande”, afirma Robert, o atual herdeiro da ex-camisa mais importante no clube.
A paranóia com o 7 ultrapassou os limites do elenco profissional. Ano passado, a diretoria adquiriu um novo ônibus para transportar os atletas. O Departamento de Patrimônio já possuía quatro veículos, batizados de Baleia I, II, III e IV. O novo recebeu o nome Baleia VII.
“Todas as vezes que o Santos teve grandes camisas 10, conseguiu chegar às finais de campeonatos”, resume o jornalista Orlando Duarte, mostrando a importância deste número na história santista.
Com uma dívida de R$ 53 milhões (segundo o balaço financeiro do clube), o Santos talvez tente de alguma forma aproximar-se do Manchester United. Avaliado em US$ 1 bilhão e, ao lado do Bayern de Munique, o clube mais rico do planeta, a equipe inglesa é uma das raras do futebol mundial onde a 7 é a mais importante.
O técnico Evaristo de Macedo pediu aos jogadores do Bahia muito cuidado com a equipe do Santos, que cresce quando joga na Vila Belmiro.
“Sabemos que o jogo será muito complicado, mas temos condições de fazermos uma grande partida e conquistarmos os três pontos”, afirmou Evaristo.
A única mudança em relação ao time que empatou em 1 a 1 com o Grêmio, na quinta-feira, em Salvador, é a volta do meia Preto, que cumpriu suspensão, no lugar de Fábio Costa.
O Bahia inicia esta 13ª rodada entre os oito primeiros e é um adversário direto do Peixe na luta pela classificação às finais.