Belo Horizonte - O Atlético-MG está disposto a não jogar mais no Mineirão no Campeonato Brasileiro este ano, por causa do péssimo estado do gramado. Pelo menos enquanto o gramado não estiver com a mínima condição para a prática do futebol. Quem garante é o presidente do Conselho Deliberativo do clube, Alexandre Kalil, que nesta quinta-feira ainda estava revoltado com a situação precária do gramado, como verificou no empate de 1 a 1 com o Coritiba.

“Não há a mínima condição, atualmente, de se jogar no Mineirão, depois do que o Atlético teve que enfrentar contra o Coritiba. Não vamos colocar em risco nosso 'patrimônio' de milhões de dólares", ameaça o dirigente, numa referência aos gastos do clube para manter suas estrelas, como Marques, Ramon e Guilherme, entre outros.

Para combater uma praga de insetos, o gramado do Mineirão recebeu grande quantidade de areia _ que é pintada de verde - o que está comprometendo o espetáculo.

A diretoria do Atlético já decidiu, por exemplo, que a partida contra o Guarani, de Campinas, programada para o dia 12, será disputada no Estádio Epaminondas Mendes de Brito, o Ipatingão, em Ipatinga. Na próxima quinta-feira, o clássico contra o América será no Independência. Além disso, existe a possibilidade, agora cada vez mais evidente, de que o jogo contra o Botafogo/SP, dia 19, previsto para o Mineirão, possa ser disputado em outro local, ainda a ser definido.

“O gramado não precisa estar em condições excepcionais de uso, mas, pelo menos, em condições de jogo. Do jeito que está é uma vergonha; estamos passando vergonha em todo o país. O Mineirão deve virar palco de show de rock e pode fechar para balanço", diz, numa ironia ao aluguel do estádio para o Pop Rock nos dia 11 e 12. A Assessoria de imprensa da Ademg _ que administra o Mineirão e Mineirinho - informou ontem que, nos próximos dias, haverá uma melhoria acentuada no gramado, com a diminuição da quantidade de areia.

Escoriações

A revolta de Kalil encontra coro junto aos jogadores do Atlético. Alguns, como o armador Ramon, deixaram o campo com várias escoriações pelo corpo, devido ao gramado. Ele mostrou vários arranhões, principalmente na perna esquerda. “Aquilo não é gramado coisa nenhuma. É areia mesmo. Basta cair para se machucar, mas isso não é nada comparada à dificuldade para jogar. Não dá para tocar a bola num campo irregular como o que está o Mineirão", diz.

Outro que ficou chocado com o gramado foi o goleiro Velloso, com arranhões no joelho direito. “Não dá para jogar ali de forma alguma. Agora, o que não dar para entender é que o clube, no caso o Atlético, paga para usar o Mineirão. E quando a gente paga deve receber, em troca, um produto de qualidade. O que não é o caso atualmente do Mineirão", explica. O meia Alexandre foi outra “vítima", com a coxa esquerda toda arranhada pela queda no gramado do Mineirão.

Ronildo em paz com a torcida

Trégua. É desta forma que o lateral-esquerdo Ronildo encara a nova fase do seu relacionamento com a torcida do Atlético, na maioria das vezes atribulado. A “bandeira branca" já foi acenada pela boa atuação contra o Coritiba e também pelo gol que marcou na partida. “É um alívio! Isso dá até mais confiança para entrar e jogar bem os próximos jogos", salienta.

O lateral também ficou emocionado com a torcida gritando seu nome, principalmente após o gol, no segundo tempo. “Isso é sempre bom, porque acaba servindo de incentivo em cada lance. Espero que isso possa acontecer mais vezes este ano no Campeonato Brasileiro." Contra o Coritiba, Ronildo, que está há quase três anos no clube, marcou o primeiro gol em jogos oficiais com a camisa do Atlético. Antes, o lateral havia marcado no amistoso contra o Nacional de Uberaba _ que terminou em 4 a 1 para o Galo -, no dia 21 de março do ano passado.

Desde 1999 Ronildo mantém um relacionamento atribulado com a torcida atleticana. Ele era freqüentemente vaiado e, ao final do primeiro tempo contra o Coritiba, Ronildo também recebeu vaias. Mas garante que absorve isso com naturalidade. “Não é fácil lidar com esse tipo de situação. Mas tenho personalidade e, por isso, estou conseguindo sair dessa", enfatiza.

Ronildo explica que, por causa da cobrança dos torcedores atleticanos, já pensou em deixar o clube. Principalmente pelas proposta que, segundo ele, recebeu, como da Ponte Preta, do São Caetano e até do Benfica, de Portugal. “É lógico que já pensei em sair, mas tive a confiança da diretoria e da comissão técnica. E, hoje, estou disputando o terceiro Brasileiro como titular pelo Atlético."

Ronildo, bastante assediado pelos repórteres, sabe a receita exata para manter o bom astral com a torcida. “É preciso, sempre, melhorar a cada partida. Porque já vivi até melhores momentos do que este no Atlético, mas isso não impedia a volta das vaias", reconhece.

Djair é opção para o meio, contra o Juventude

O meia Djair já está à disposição do técnico Levir Culpi para a partida contra o Juventude, amanhã, em Caxias do Sul, no Rio Grande Sul, pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro. O jogador participou ontem do coletivo, no CT de Vespasiano, com o infantil do Atlético.

Ele não enfrentou o Coritiba, na estréia do Galo no Brasileiro, por causa de um pequeno edema na coxa esquerda. Mas ficou em tratamento intensivo e agora, já recuperado, vai entrar na briga por uma vaga no meio-campo do Atlético. Djair participou do período de preparação para o Campeonato Brasileiro em Monte Sião, no Sul do Estado.

Mas, em compensação, Culpi dificilmente poderá contar com o zagueiro Marcelo Djian, vetado para o jogo contra o Coritiba. Com dores na coluna, ele será avaliado hoje pelos médicos do clube. Ontem, ele ficou em tratamento fisioterápico, além de trabalhos na piscina, sendo poupado do treino no CT. Se for vetado novamente, Edgar formará a dupla de zaga com Álvaro.

Galo tem maior público na estréia do Brasileiro

A torcida do Atlético demonstrou, mais uma vez, sua paixão e força no jogo contra o Coritiba, na estréia do time no Campeonato Brasileiro, na última quarta-feira, no Mineirão. Ela foi responsável pelo maior público pagante (com 42.561) da primeira rodada do Campeonato Brasileiro - não estão contabilizados os jogos de Atlético/PR x Grêmio, em Curitiba, e Santos x Santa Cruz, em Santos, disputados ontem à noite. Mas estiveram no estádio 48.285 torcedores. A arrecadação também foi excelente: R$ 205.670,00.

O público de Atlético x Coritiba superou o do jogo entre Bahia x São Caetano, disputado na Fonte Nova, em Salvador, de apenas 8 mil, numa praça tradicional com grandes públicos. Ainda mais em se tratando de estréia no Brasileiro e com o Bahia tendo conquistado a Copa do Nordeste e o Campeonato Estadual, ambos no primeiro semestre.

Também ficou para trás a torcida fanática do Flamengo. Na partida contra a Ponte Preta, em Juiz de Fora, reduto de clubes cariocas, o público pagante foi de 26.332 torcedores, bem abaixo do registrado no Mineirão. É bom lembrar que, se a partida fosse disputada no Maracanã, talvez o público superasse os 26 mil em Juiz de Fora.

No jogo contra o Coritiba já foi cobrada a taxa de segurança da Polícia Militar. O Atlético arcou com o pagamento em cerca de R$ 4 mil. O pagamento se refere a duas horas de policiamento - ao valor de sete ufir's (R$ 7,45 por hora e por policial) - e 268 policiais estiveram na quarta-feira no Mineirão.

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