Rio - Em todas as convocações para a Seleção Brasileira sempre acabam causando discussões por todo o país, com cada torcedor extravasando a sua preferência. Mas o anúncio feito nesta terça-feira pelo técnico Luiz Felipe Scolari revelou uma superação do próprio treinador, que chamou pela primeira vez o atacante Edílson, do Flamengo, para a felicidade de boa parte da torcida brasileira.
Luiz Felipe nunca fez questão de esconder a sua antipatia pelo atacante rubro-negro, com quem brigou publicamente após a partida final do Campeonato Paulista de 1999. Naquela oportunidade, Edílson, então no Corinthians, provocou os jogadores do rival Palmeiras ao fazer "embaixadinhas" depois de a sua equipe praticamente ter garantido o título estadual com o empate de 2 a 2. A reação do adversário foi imediata culminando com a revolta de Paulo Nunes, Júnior e Zinho, que partiram para agredir o Capetinha. O resultado foi uma batalha campal ofuscando em parte a conquista corintiana.
De lá para cá, Edílson e Luiz Felipe continuaram trocando farpas, mas o destino acabou conspirando a favor do atacante. Com o bom momento do jogador no Flamengo, o treinador deixou de lado as mágoas do passado e resolveu convocá-lo para a partida contra o Paraguai no próximo dia 15, no Olímpico, pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2002. Antes, a Seleção fará um amistoso contra Panamá no dia 9, em Curitiba.
Sobre a lembrança para integrar a Seleção, Edílson sabe que terá de dividir a responsabilidade com o grupo devido ao difícil momento em que se encontra a equipe. O jogador aproveitou para agradecer a convocação, que pode selar a paz entre ele e Luiz Felipe.
“Sei que há uma expectativa muito grande em cima de mim, e espero ser o titular da equipe para conseguir retribuir esta confiança. O problema que tive com o Luiz Felipe já faz dois anos e foi superado. Ele provou que não tem ressentimento nenhum sobre o que aconteceu”, elogia Edílson.
Na quarta colocação nas Eliminatórias sul-americanas com 21 pontos, o Brasil não pode nem sequer empatar que correrá o risco de sair da zona de classificação da competição. Por isso, os cuidados serão redobrados para o confronto contra os paraguaios. Mas Edílson garantiu não temer a pressão que insiste em rondar a Seleção Brasileira:
“Melhor correr o risco de chegar lá e não me sair bem que ficar em casa assistindo aos jogos pela televisão.”
O jogo contra o Paraguai poderá colocar frente a frente Edílson e Gamarra. Os dois foram companheiros no Corinthians e depois ajudaram o Flamengo a conquistar o tricampeonato estadual e a voltar à Copa Libertadores no ano que vem. E o atacante pretende usar a experiência do tempo em que esteve do lado do ex-companheiro para tentar surpreendê-lo:
“O Gamarra é o melhor zagueiro do mundo, mas por outro lado conheço os atalhos e posso levar alguma vantagem.”