Aderbal Lana, técnico do São Raimundo, supercampeão do Norte, mostra sua revolta contra a ‘máfia’ no futebol brasileiro

Vagner Magalhães

São Paulo - Há quase cinco anos dirigindo o São Raimundo, o técnico Aderbal Lana não tem papas na língua. Atira para todos os lados e não se inibe em exibir as suas opiniões. Critica abertamente as arbitragens, segundo ele sempre tendenciosas para os times dos ''grandes centros'', Wanderley Luxemburgo, ex-técnico da seleção brasileira, e o atual, Emerson Leão.

Lana, de 54 anos –25 como técnico e 10 como atleta- se diz satisfeito com o trabalho desenvolvido por ele no Amazonas e que não tem grandes pretensões na carreira devido à ''máfia'' instalada no futebol brasileiro. Semana passada viu o seu time ser eliminado da Copa do Brasil pela Portuguesa, no Canindé, mas nem por isso deixou o campo de cabeça baixa. Devido ao tricampeonato da Copa Norte obtido nesse tempo que dirige a equipe, ficou conhecido como o ''Rei da Selva''.

``Hoje em dia não é fácil trabalhar no futebol. É um meio muito viciado. Começa na direção dos clubes, passa pela negociação de jogadores, até as arbitragens. Esse é um ponto que sempre bato. As arbitragens são criminosas. É pressão o tempo todo em cima dos times de menor expressão nacional, o que acaba impedindo o crescimento deles. Tudo é feito para que somente os mesmos de sempre fiquem por cima.''

Seleção brasileira - Numa passada rápida sobre o futebol do Brasil, Aderbal Lana ataca de uma só vez o atual e o ex-treinador da seleção brasileira. Com Wanderley Luxemburgo ele pega mais pesado. Diz que se preparou a vida toda para assumir o cargo e quando conseguiu não conseguiu se manter. ``Veja o que ele fez na carreira. Sempre teve bons times na mão, mas os resultados não são tão expressivos assim. Todo mundo lembra daquele timaço do Palmeiras de 96, que qualquer um dirigiria. Mas e a passagem dele por Flamengo, Paraná, Santos... isso ninguém cita.''

Lana diz que o treinador mostrou que não estava preparado para o cargo quando foi chamado para depor na CPI. ''Primeiro falou uma coisa, depois outra. Quem se preparou tanto tempo para assumir um cargo dessa importância não teria uma postura dessas.''

Quanto a Émerson Leão, ele faz uma ressalva, que segundo ele, pode trazer muitos problemas no futuro. ''O Leão chegou falando bastante, mas vai acabar refém do Romário. Essa história de convocar o jogador de antemão, dizendo que se estiver bem sempre será chamado, vai custar muito a ele. O Romário não está jogando nada, mas acaba deitando e rolando”, opina.

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Redação Terra