Porto Alegre - A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) doou R$ 5,138 milhões para campanhas eleitorais, federações e associações.
O valor foi revelado ontem durante o depoimento do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que teve sua imagem arranhada na CPI da Nike, em Brasília.
Teixeira foi sabatinado pelos integrantes da CPI sobre diversos assuntos, mas o ponto mais discutido foi a doação eleitoral. O presidente da CBF disse que o critério de escolha privilegiou pessoas ligadas ao futebol. Mas algumas verbas tiveram destinos estranhos, como a Associação dos Funcionários da Polícia Federal. O dirigente justificou que a verba foi para despesas de um torneio interno.
As doações da CBF a políticos, feitas a um mês das eleições de 1998, também foram parar no cofre de uma empresa de Manaus, a Indústria e Comércio de Malhas Alex Ltda. O dinheiro – R$ 14,9 mil – foi repassado a título de “auxílio” à Federação de Futebol de Rondônia. Teixeira disse que não tem conhecimento de que o dinheiro passado à essa federação teria ido para uma empresa particular. Ele prometeu enviar à CPI informações da operação.
O deputado Jurandil Joarez (PMDB-AP) disse que a CBF cometeu crime eleitoral, quando fez doações de campanhas depois da realização das eleições. Em 9 de outubro de 1998, a CBF doou R$ 50 mil para o deputado Carlos Santana (PT-RJ).
O deputado Edurdo Campos (PSB-PE) questionou Ricardo Teixeira sobre a compra de um imóvel em Búzios (RJ), avaliado em R$ 1 milhão, que não consta em sua declaração de renda. A Receita Federal investiga a suspeita de sonegação de impostos na transação, feita pela empresa Minas Investimentos S/A, da qual Teixeira é sócio.
O dirigente disse que houve uma mudança nos estatutos da CBF transformando a entidade em empresa, mas os deputados não encontraram alteração no estatutos.
Teixeira se queixou de dificuldades econômicas na CBF a partir de 1995, o que resultou um déficit de US$ 1 milhão por ano, desde que a entidade abriu mão de taxas de rendas do Brasileirão. Apesar disso, as doações sempre continuaram.
O dirigente também não convenceu ao explicar empréstimos de US$ 15 milhões no Exterior, com juros acima do mercado.
”O presidente da CBF sai do depoimento com a imagem arranhada”, disse o deputado federal Eduardo Campos (PSB-PE).