Rio de Janeiro - O caso de doping do zagueiro Júnior Baiano levou a
CBF a ser ainda mais rigorosa. Os dirigentes deram sinal verde para a
Comissão Antidopagem, presidida por Tanus Jorge Nagem, realizar exames no período de treinamento dos clubes.
“Podemos ligar para um clube e avisar que no dia seguinte precisamos
realizar exames em determinados jogadores. Não altera em nada os atletas
terem conhecimento. Se alguém tiver usado uma droga pesada, vai ficar na
urina. Não sai em 24 horas”, afirmou Tanus Jorge Nagem.
Segundo o presidente da Comissão Antidopagem da CBF, os jogadores que
consumirem cocaína serão pegos nos exames mesmo se forem avisados sobre o
exame com um dia de antecedência. “Isso é comprovado pela literatura médica. De acordo com o livro base em
Farmacologia Humana, a Benzoilcgonina, substância encontrada nos exames de
Lopes, do Palmeiras, e Júnior Baiano, do Vasco, é um metabólico que fica de
dois a cinco dias na urina do atleta. Já os anabolizantes são dissolvidos na
gordura humana e na corrente sanguínea. Acabam sendo diluídos no sangue”,
disse o médico.
Tanus Jorge Nagem lembrou que exames fora da época de competição não
representam novidade. “Desde o ano 2000 está na regulamentação da Fifa a possibilidades destes
exames serem realizados nos clubes. Na realidade, a Fifa atendeu à sugestão
do COI (Comitê Olímpico Internacional). O COI, aliás, fez exames-surpresa
durante o torneio de futebol das Olimpíadas de Sydney, no ano passado,
inclusive com alguns jogadores da Seleção Brasileira.”
O médico declarou que a Comissão Antidopagem da CBF atua em todos os 26
estados e em Brasília. Conta com um efetivo de 100 a 150 profissionais. O
maior número se encontra em São Paulo, onde ficam um coordenador e 14
técnicos.
Os dirigentes da CBF pretendem ampliar o controle para inibir o uso de
doping no futebol brasileiro. “Nós só não ampliamos de dois para três jogadores por clube a fazerem a
coleta porque o exame é muito caro. Levando-se em conta a equipe de
profissionais, o transporte do material e o material utilizado, por jogo a
CBF gasta com o exame US$ 1 mil (cerca de R$ 2 mil)”, afirmou Tanus Jorge
Nagem.
Apenas um laboratório está credenciado pela CBF para fazer a análise dos
exames antidoping: o Ladetec, da UFRJ (Universidade Federal do Estado do Rio
de Janeiro). Este laboratório também é credenciado pela Conmebol
(Confederação Sul-Americana de Futebol), pela Fifa e pelo COI (Comitê
Olímpico Internacional).
Curiosamente, no Torneio Rio-São Paulo, os exames são feitos apenas com
jogadores de clubes paulistas. Tudo porque a Federação Paulista paga os
exames.