Porto Alegre - Agora sim, é o fim. O time dos sonhos do Grêmio, concebido no começo do ano passado com o dinheiro da ISL para forrar o peito tricolor de faixas, está agonizando. Sem nenhum título.
Zinho, 33 anos, o último remanescente, vai rescindir contrato. Depois de Astrada, Amato e Paulo Nunes, chegou a vez de o tetracampeão mundial ir embora.
A direção ainda nega, mas é só questão de tempo. A política de contenção de gastos projetada para este ano faz dos R$ 200 mil mensais de Zinho um salário estratosférico. A idéia é indenizá-lo em 10 parcelas. A direção pretende evitar semelhanças com a saída de Dunga do Inter. Também capitão, o volante foi afastado do grupo e terminou doando o dinheiro da rescisão para entidades carentes. O contrato do meia vai até o fim do ano, e a direção quer conversar com ele em vez de partir para o confronto.
Outro que veio para formar o time dos sonhos também não deve ficar. O lateral-direito Anderson pode sair, mais por deficiência técnica do que por salário alto. Dirigentes entendem que Anderson teve todas as chances possíveis para se firmar e, até agora, não correspondeu às expectativas. O fim do time das estrelas de salários milionários representa uma economia mensal aos cofres tricolores da ordem de cerca de R$ 600 mil, dinheiro suficiente para encaminhar a compra de Marcelinho Paraíba por US$ 4 milhões em 28 prestações junto aos franceses do Olympique, de Marselha.
Rodrigo Costa, eterno reserva desde 1998, nunca participou de nenhum projeto de grande equipe – até porque se ele estivesse entre os titulares, não haveria de ser time dos sonhos. Mas o zagueiro que veio na negociação da venda de Arce para o Palmeiras ganhava R$ 30 mil mensais do Grêmio, uma fortuna para um jogador como Rodrigo. Foi trocado por empréstimo de um ano com o Santos, que mandará o lateral-esquerdo Rubens Cardoso em seu lugar, cujo salário será a metade disso.
"O mundo está mudando. O Brasil também. O Grêmio está se adequando a isso. No ano passado, era impossível contratar um técnico de ponta com menos de R$ 100 mil. Não dava para continuar nesse ritmo", afirmou o vice-presidente José Otávio Germano.
Foram-se Astrada, Amato, Paulo Nunes. Zinho e Ronaldinho estão indo, ainda que por outros motivos que não deficiência técnica. O time dos sonhos acabou sem ter começado.