São Paulo - Se existia alguma dúvida de quanto o poder de Leão é limitado na seleção brasileira, acabou. Com a divulgação da nova Comissão Técnica, nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro, ficou claro que quem manda mesmo é o coordenador Antônio Lopes. Exatamente como o presidente Ricardo Teixeira havia dito ao JT.

Leão só tem um homem de sua confiança e, por sinal, da posição que mais conhece no futebol: o preparador de goleiros Pedro Santilli, do Grêmio.

Os demais são `homens' de Lopes: o preparador físico Bebeto de Oliveira, o médico José Luiz Runco e os massagistas Roberto e Carlinhos - os três últimos do Flamengo. Nem mesmo um auxiliar pôde escolher para a partida do dia 15 de novembro contra a Colômbia, em São Paulo.

"Nunca trabalhei com o Leão. Fui companheiro de Antônio Lopes durante três anos no Vasco. Estou voltando à Seleção com muita alegria. Fui o preparador físico do Brasil na Olimpíada de Seul, quando ganhamos a medalha de prata, em 1988. Sinceramente fiquei muito surpreso com a divulgação do meu nome.

Mas estou pronto para dar o meu melhor. Mesmo sem ter trabalhado com Leão, tenho a certeza que faremos um ótimo trabalho", assegura Bebeto de Oliveira.

Ele havia saído Vasco quando Antônio Lopes foi demitido no começo do ano. Leão não pôde opinar. Foi um observador passivo. Na reunião que houve no Rio, os nomes já estavam decididos por Lopes. O coordenador os passou ao presidente da CBF, que não colocou nenhum obstáculo. Lopes obedeceu a ordem de Teixeira de montar uma Comissão Técnica `enxuta' e `econômica'.

O dirigente também havia proibido Antônio Lopes de pensar em chamar um psicólogo. A sua decepção com a passagem de Suzy Fleury na gestão de Wanderley Luxemburgo foi imensa.

"Acredito que o treinador e o coordenador tenham condição de preparar psicologicamente a equipe para os jogos das Eliminatórias. Os jogadores não são crianças desamparadas que precisem de tanta assistência assim", confidenciou Teixeira a um amigo. E o presidente é mais firme em relação à economia.

"Na Comissão Técnica do Luxemburgo eram quase 30 pessoas trabalhando. Um exagero. De agora em diante quero um modo racional de trabalho. Pouca gente, mas bem entrosada."

Muita disciplina Acabou também o `excesso' de liberdade que havia com Wanderley Luxemburgo. Todos os escolhidos para a Comissão Técnica têm em comum a aversão à imprensa. Nacionalistas, defendem com empenho a disciplina total na Seleção. Com exceção a Romário, todos os outros jogadores convocados deverão ter um comportamento exemplar.

O atacante do Vasco será a única exceção aceita por Lopes. Bebeto de Oliveira ontem ignorou o que Leão disse do jogador e repetiu o coordenador, avisando que um lugar para a Copa do Mundo de 2002 está guardado para Romário.

"Ele é um jogador fora de série, que se cuida demais. Vive correndo na sua casa e na praia. Tenho certeza que ele chegará à Copa do Mundo de 2002 muito bem. A idade não irá atrapalhar em nada", aposta Bebeto. Leão não o havia assegurado nem para a convocação de segunda-feira, para o jogo diante dos colombianos. Lopes, ao contrário, já o havia garantido na Copa de 2002.

Embora tenha prometido fazer todas as suas convocações sozinho, Leão pode se preparar. Da mesma maneira que aconteceu na definição da `sua' Comissão Técnica, a influência de Antônio Lopes na chamada dos atletas é total. E ele já antecipou a amigos que deseja um time brigador, muito mais lutador do que os últimos que vestiram a camisa da Seleção Brasileira com Wanderley Luxemburgo.

A convocação será segunda-feira, às 10h, no Hotel Meridén, no Rio de Janeiro. Serão chamados 18 jogadores. Eles se apresentarão no dia 12 de novembro, três dias antes do jogo, em São Paulo. Os nomes serão definidos no final de semana. A opinião de Lopes será muito mais importante do que a de Leão.

Jornal da Tarde