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Médicos discutem uso do "superantibiótico"

Segunda, 26 de junho de 2000, 21h28min
Médicos de todo o País estiveram reunidos nesta segunda-feira em São Paulo para discutir as aplicações de uma droga que acaba de ser aprovada pelo Ministério da Saúde para o combate à infecções hospitalares. A nova classe do antibiótico, batizada de oxazolidinona, é o recurso terapêutico para algumas infecções provocadas por bactérias que, ao longo dos anos, se tornaram resistentes aos medicamentos hoje disponíveis. Entre elas, o enterococo e o estafilococos. Variações dessas duas bactérias resistentes ao antibiótico vancomicina já foram encontradas em São Paulo, o que despertou grande preocupação entre especialistas.

"Podemos ficar mais tranqüilos", afirmou o professor de infectologia da Universidade de Michigan (EUA) Donald Batts, que veio ao Brasil participar do simpósio. O médico, porém, alerta que o uso do medicamento tem de ser feito de acordo com critérios rigorosos. "O medicamento é todo sintético e, por isso, as bactérias ainda não sabem como desenvolver mecanismos de proteção contra a droga", explica Batts.

No entanto, caso o remédio seja usado de forma indiscriminada, maiores serão os riscos de a bactéria desenvolver mecanismos de defesa. "Isso um dia certamente vai ocorrer, mas o tempo em que esse fenômeno ocorrerá vai depender da forma como a nova droga for administrada", diz ele.

A nova droga, chamada linezolida, começou a ser desenvolvida há 13 anos, quando ninguém falava sobre enterococos ou estaficolocos resistentes ao antibiótico vancomicina. Nos últimos anos, porém, o número de casos de pacientes contaminados por cepas resistentes a várias drogas, entre elas a vancomicina, aumentou de forma significativa. Até agora, pacientes contaminados por essas variações de bactéria ficavam com tratamento bastante limitado.

Bloqueio - A linezolida apresenta um mecanismo de ação diferente dos demais antibióticos. Quando administrado, ele interrompe a produção de proteínas, indispensável para a multiplicação das bactérias. Sem essa produção, elas acabam morrendo. "Os antibióticos hoje disponíveis agem todos em uma mesma fase, mais adiantada na proliferação das bactérias", conta Batts. Isso faz com que muitas bactérias apresentem resistência cruzada, ou seja desenvolvem mecanismos de defesa a vários antibióticos, ao mesmo tempo.

Segundo Batts, a linezolida já foi lançada nos Estados Unidos e no México e, dentro de alguns meses, será vendida também na Grã-Bretanha. Pesquisas feitas com cerca de 4 mil pacientes demonstraram que a droga pode provocar dores de cabeça e diarréia. "Mas detectamos que pacientes tratados com penicilina apresentaram reações semelhantes, com freqüência 1% menor do que a oxazolidinona".

Indicada para as bactérias estafilococos, enterococos e estreptococos, a nova droga agora deixa os especialistas diante de um dilema. "Há ainda muitas cepas das bactérias que respondem de forma adequada à vancomicina", afirmou Batts. "Estudamos agora qual é a melhor atitude nesses casos: intercalar o uso da vancomicina com linezolida para retardar a resistência ou usar apenas o medicamento mais antigo, deixando a linezolida para casos específicos".

Higiene - O médico, no entanto, ressalta a importância de outras táticas para evitar a resistência bacteriana e o controle de infecções hospitalares. O hábito dos profissionais de saúde de lavar as mãos, o isolamento de pacientes contaminados por cepas resistentes, o uso adequado de antibióticos e o pequeno tempo de permanência nos hospitais são essenciais para a diminuição dos índices de infecção hospitalar.

A diretora médica do Laboratório de Microbiologia do Hospital das Clínicas, Flávia Rossi, considera primordial que hospitais realizem testes específicos antes de administrar remédios para pacientes. "O ideal é que seja feito um exame conhecido como concentração inibitória mínima", afirma. Batts concorda. "Não dizemos que a linezolida é a droga de última escolha", afirma. "Tudo vai depender do estado geral do paciente; muitas vezes, não há como esperar o resultado do teste", completa.

Mas uma série de parâmetros pode ajudar o profissional na escolha. O remédio estará disponível dentro de três meses no País.
Agência Estado

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