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Veja montanha de mármore cobiçada por Michelangelo

2 ago 2017 - 14h24
(atualizado às 16h29)
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Em 1517, Michelangelo escalou o Monte Altissimo, na Toscana, e encontrou o mármore de seus sonhos. Era, escreveu o mestre renascentista, "de grão compacto, homogêneo, cristalino, lembrando açúcar". Ele o considerou talvez até mais precioso do que aquele da vizinha Carrara, onde havia obtido mármore para algumas de suas estátuas mais famosas.

Trabalhadores conhecidos como "Tecchiaioli" examinam mármore do Monte Altissimo, na Toscana, Itália 18/07/2017 REUTERS/Alessandro Bianchi
Trabalhadores conhecidos como "Tecchiaioli" examinam mármore do Monte Altissimo, na Toscana, Itália 18/07/2017 REUTERS/Alessandro Bianchi
Foto: Reuters

Com a bênção do papa Leão 10, Michelangelo projetou um caminho para levar os blocos de mármore branco montanha abaixo, transportado a Florença e usado para decorar a fachada da igreja de San Lorenzo.

Em troca da exploração da pedreira, as autoridades florentinas concederam a Michelangelo o direito de extrair tanto mármore quanto quisesse de Altissimo para usá-lo pelo resto da vida. "Há o suficiente aqui para extrair até o Dia do Juízo Final", escreveu ele a um contemporâneo. Mas isso nunca aconteceu.

Depois de vários anos de trabalho para abrir uma estrada, o papa Leão 10, que era da família Medici de Florença, retirou a autorização de Michelangelo, e o projeto foi abandonado. A igreja de San Lorenzo ainda não tem uma fachada.

Hoje, as pedreiras de Altissimo, que tem 1.589 metros de altitude e se localiza nos Alpes Apuanos, estão repletas do tipo de atividade que mesmo um gênio como Michelangelo provavelmente não teria previsto.

Veja um ensaio fotográfico em http://reut.rs/2uTXsZs.

As técnicas modernas de corte e extração produziram uma paisagem surreal semelhante a certas pinturas cubistas, um conjunto estonteante de escadas de ponta-cabeça e estruturas de cubo de açúcar mirando o céu. "A tecnologia primitiva consistia de trabalho humano e animais de carga", disse Franco Pierotti, diretor de extração.

"Os instrumentos primordiais, como alavancas, cinzéis e martelos, evoluíram mais tarde com a adoção de cabos em espiral no século 19, e agora temos cabos com ponta de diamante e serras e equipamento pesado de remoção de terra".

Atualmente a empresa Henraux é dona da montanha inteira, emprega cerca de 140 pessoas e extrai mármore de cinco pedreiras ativas.

Ao longo dos anos, artistas como Auguste Rodin, Henry Moore, Joan Miró e Isamu Noguchi usaram mármore de Altissimo em suas esculturas. Michelangelo ficaria orgulhoso.

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