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Polêmico restaurante Hooters sobrevive ao primeiro Ramadã em Jacarta

23 jun 2017 - 10h09
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A franquia de restaurantes americana Hooters, polêmica pelos uniformes sugestivos das garçonetes, sobreviveu ao seu primeiro Ramadã em Jacarta com os ajustes legais e estéticos que o mês de jejum requer para os estabelecimentos na Indonésia.

Em Kemang, região do sul de Jacarta frequentada por estrangeiros ocidentais, o bar foi pouco visitado durante o período religioso, que começou em 26 de maio e termina neste sábado na Indonésia, o país com o maior número de muçulmanos no mundo.

Há mais de uma década as autoridades da capital restringem a venda de álcool durante o mês de jejum, em parte como uma medida para conter a vigilância de grupos extremistas que tentam impor à força os seus valores e que se intensificaram nos últimos anos.

Sob o atual governo, os restaurantes e bares não podem servir álcool durante a comemoração muçulmana, e boates, saunas e casas de massagem devem fechar as suas portas, exceto hotéis e "zonas de entretenimento especialmente designadas".

O resultado é que, nos restaurantes que continuam abertos, biombos e telas bloqueiam a visão de seu interior durante as horas de sol que dura o jejum e em alguns bares as bebidas alcoólicas são servidas em copos de plástico ou xícaras para disfarçar seu conteúdo.

"Há 18 lugares que receberam sanções (durante o Ramadã). As sanções são em forma de advertência para a revogação de permissões", disse à Agência Efe o porta-voz da polícia de Jacarta, Prabowo Argo Yuwono, no início da última semana da comemoração.

O Hooters, como os demais bares e restaurantes, segue este acordo implícito entre autoridades, grupos extremistas e empresários para que o negócio continue de maneira menos evidente.

"Tentamos não vender álcool aos indonésios, mas ainda vendemos em xícaras, diferentes copos. Camuflar um pouco é o padrão", disse à Efe Dwi, uma garçonete da franquia que preferiu utilizar um nome fictício.

No entanto, ela assegura que a imagem do Hooters atraiu a atenção do grupo islâmico Frente de Defensores do Islã (FDI), um dos mais radicais do país, e das autoridades.

"(As autoridades) pode ser que venham uma vez por semana só para ver se o Hooters quebra as regras ou não", indicou a garçonete.

Quanto ao FDI, que é um dos grupos muçulmanos com mais seguidores, a garçonete assegurou que visitaram a loja da franquia antes que fosse aberto, no início do ano, mas o incidente foi resolvido com "dinheiro".

O Hooters realizou sua pré-inauguração em março, entre a expectativa que acompanha a polêmica marca e a surpresa de decidir abrir seu primeiro restaurante em Jacarta, de maioria muçulmana, ao invés de abri-lo na ilha turística de Bali, de maioria hindu.

Um mês depois, o Hooters Jacarta decidiu mudar o uniforme para a inauguração oficial e substituir seus característicos shorts muito curtos por saias, em uma manobra para se posicionar como um "restaurante familiar".

A pressão dos moradores do bairro, que enviaram uma carta para proibir que as garçonetes tirassem fotografias com o uniforme fora do bar, contribuiu para a mudança de imagem da franquia na capital. Uma imagem polêmica que o Hooters Jacarta não conseguiu dissipar.

"Quando você menciona o Hooters a primeira coisa que pensam é 'peitos', os gerentes indonésios queriam mudar esta visão (...) mas vimos que é impossível, não é algo que se possa eliminar, há uma marca. Aceitamos crianças, mas é um bar", ressaltou Dwi.

EFE   
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