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"Islândia peruana" fica no meio da selva e quer ser "Veneza amazônica"

26 jun 2017 - 10h03
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Na Islândia não há vikings e nem faz frio, pelo menos não na Islandia do Peru, um pequeno e humilde povoado na tríplice fronteira com Colômbia e Brasil, que prefere comparar-se com Veneza, uma vez que tudo está construído sobre as águas de um grande rio da Amazônia.

Diferente de seu homônimo país do hemisfério norte, a Islandia peruana tem um clima sufocante e caloroso, próprio dos trópicos, e para atrair turistas se faz chamar de "Veneza do trapézio amazônico", já que permanece inundada na maior parte do ano, segundo afirmou seu prefeito, Juan Cayetano, à Agência Efe.

"Não conheço uma cidade flutuante similar que esteja seis meses na água e outros seis meses na terra", comentou Cayetano sobre este peculiar povoado, habitado por 2,3 mil isleños, como são chamados seus habitantes, e criado há 74 anos em uma ilha do rio Yavarí, muito perto da sua desembocadura no imponente rio Amazonas.

Em Islandia, capital do distrito de Yavarí, pertencente à amazônica região peruana de Loreto, não há gôndolas venezianas, mas ter uma barca de madeira na porta de casa é indispensável para fazer um passeio pelos arredores e deleitar-se com as exuberantes paisagens da selva.

Até ali só é possível chegar de barco, onde se viaja em redes para descansar o dia inteiro, tempo que se leva para navegar o Amazonas desde Iquitos, maior cidade da Amazônia peruana, até este remoto canto contíguo com o Brasil, a apenas um quilômetro da cidade de Benjamin Constant, no Amazonas.

No entanto, o lugar recebe cada vez mais turistas da Colômbia, já que está a apenas meia hora em lancha da cidade colombiana de Leticia, onde Islandia é promovida como um local de observação de botos, segundo Cayetano.

"Para Islandia só falta um hospital", comentou o prefeito, que em seguida enumerou orgulhoso um mercado, uma igreja, um shopping, um hotel, duas escolas, uma delegacia e até um ginásio poliesportivo, tudo construído a não menos de dois metros sobre terra firme, e sustentado em um acúmulo de pilotis, como as demais casas rústicas da ilha.

Essa altura ficou baixa há cinco anos, quando o nível da água cresceu tanto que as casas ficaram com pelo menos meio metro de água em seu interior.

Por isso, agora as novas construções estão mais elevadas que as anteriores, como as recentes passarelas que ligam todas as moradias e negócios, entre eles barbearias e restaurantes, onde a exótica gastronomia amazônica é o ponto forte.

Diferente da Islândia ártica, na Islandia amazônica não há bancos quebrados, porque tampouco há escritórios bancários e todos os pagamentos são feitos com dinheiro e em até três moedas diferentes, pois se aceita o sol peruano, o peso colombiano e o real, em um exemplo de integração fronteiriça.

"As relações com os nossos irmãos colombianos e brasileiros são muito boas. Há uma relação comercial muito fluente e sempre coordenamos assuntos de fronteira", disse Cayetano, cujos vizinhos vão quase diariamente a Benjamin Constant para comprar e vender produtos, ou para receber atendimento médico especializado.

Ainda que as comparações sejam forçadas, o certo é que Islandia, em sua tentativa de atrair o turismo em uma das áreas mais afastadas da geografia peruana, pode lembrar mais Veneza que qualquer país nórdico, porque ali não há glaciais, nem gêiseres, pelo menos não na Islândia amazônica.

EFE   
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