PUBLICIDADE

Verde, amarelo ou vermelho? Tabela mostra quando o risco de contágio de covid-19 aumenta

Ficar em silêncio, falar ou gritar, tempo de contato, uso de máscara e características do local determinam risco de contaminação segundo estudo de Oxford e MIT

15 out 2020 - 16h10
Compartilhar
Exibir comentários

Depois de mais de seis meses da pandemia, já se sabe que o uso de máscaras, boa higiene e distanciamento social são as formas mais eficazes de prevenção contra a covid-19. Mas qual é a melhor maneira de fazer esse distanciamento? Em qual cenário a taxa de contaminação é maior ou menor? Com base em casos assintomáticos, pesquisadores da Universidade de Oxford e do Massachusetts Institute of Technology (MIT) desenvolveram uma tabela que mede o risco de contágio ao considerar fatores como circulação de ar, tamanho da aglomeração e tempo de exposição ao vírus.

É necessário ficar sempre a 2 metros de distância das outras pessoas fora de casa? É possível encontrar amigos com segurança? Qual seria o local mais apropriado? São perguntas como essas que o estudo pretende ajudar a responder, apesar de ainda não ser capaz de determinar um tempo seguro de permanência em um local ou quantificar o número máximo de pessoas que podem estar juntas - conversando, cantando ou até mesmo gritando - sem comprometer a saúde.

Segundo o artigo, publicado no periódico de saúde The BMJ, as regras atuais de distanciamento social - como os dois metros indicados entre duas pessoas fora de casa, por exemplo - são simplificadas e datam de estudos feitos no século XIX. De acordo com os pesquisadores, a delimitação desta distância não leva em conta outros fatores importantes.

"Isto ignora a dinâmica da respiração, que emite gotículas úmidas e forma uma espécie de nuvem que as carrega por metros em poucos segundos. Após a desaceleração dessas nuvens, ventilação, padrões de fluxo de ar e o tipo de atividade realizada ganham importância", diz o estudo. A carga viral do emissor, a duração da exposição ao vírus e a susceptibilidade do indivíduo à infecção também devem ser consideradas.

Os pesquisadores esperam que ao estabelecerem graus de contágio de acordo com situações diferentes, as recomendações de distanciamento social possam promover maior proteção em cenários de alto risco e maior liberdade quando as características apontarem que o local é mais seguro.

As tabelas apresentadas no estudo têm como variáveis o local (fechado ou aberto), nível de ocupação (alto ou baixo), atividade, tempo de contato e o uso ou não de máscaras. As estimativas se referem aos casos em que todos os indivíduos presentes estão assintomáticos.

O estudo considera que as partículas de ar são emitidas pelos seres humanos em velocidades que variam de acordo com a atividade realizada, seja o ato de falar, gritar, cantar, ou até mesmo permanecer em silêncio. A tosse e o espirro, por exemplo, podem fazer com que essas partículas alcancem de sete a oito metros de distância em poucos segundos.

O ambiente também influencia na disseminação do vírus. As partículas de ar são dissolvidas mais rapidamente em locais abertos e bem ventilados, reduzindo o risco de transmissão. Os pesquisadores citam como exemplo os casos de contaminação em frigoríficos, que combinam circulação de ar limitada e barulho, que leva as pessoas a falar mais alto ou até gritar. Situações parecidas são identificadas em outros locais fechados, com alta concentração de pessoas e barulhentos, como bares e casas de shows.

O estudo também faz referência ao surto de coronavírus registrado em um coral nos Estados Unidos, quando 32 cantores foram infectados apesar de manterem o distanciamento social durante os ensaios.

Os pesquisadores recomendam que nas situações de alto risco, como em locais fechados com pouca ventilação e grande quantidade de pessoas presentes, o distanciamento deve ser maior que dois metros. Já em locais de baixo risco, medidas menos restritivas devem ser adequadas.

Os níveis de risco apresentados nas tabelas não são absolutos e não levam em consideração a susceptibilidade à infecção, padrões de fluxo de ar e a distância entre uma pessoa saudável e outra infectada. O estudo reforça que o distanciamento social não deve ser a única forma de prevenção contra o vírus e deve ser combinado com estratégias de higiene, limpeza e uso de equipamentos de proteção.

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade