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Vacinação maciça é indispensável, mas insuficiente

O uso permanente de máscaras, a lavagem das mãos de forma correta e rotineira e evitar as aglomerações são atitudes que precisam ser mantidas

22 jan 2021 - 17h11
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O Brasil, finalmente, iniciou a vacinação contra a Covid-19. Avançamos, mas já estão faltando vacinas e, em breve, a situação ainda piorará durante o processo de vacinação. Com certeza, a vacina é um grande marco que possibilitará também a redução das internações e dos casos graves da doença, mas não devemos ter a ilusão que, de um dia para outro, tudo vai mudar. Os brasileiros precisam se conscientizar que medidas de segurança devem permanecer entre nós por muitos meses a mais. O uso permanente de máscaras, a lavagem das mãos de forma correta e rotineira e evitar as aglomerações são atitudes que precisam ser mantidas.

Já se sabe que não existe nenhum tratamento preventivo e, por isso, não devemos dar falsas esperanças, que podem diminuir as medidas de segurança e levar ao relaxamento da prevenção. Todos temos responsabilidade e os exemplos continuam, mais do que nunca, a serem as armas mais poderosa para manter o comportamento correto de toda a sociedade.

A Covid-19 é uma doença que não possui remédios milagrosos e deve ser avaliada e acompanhada exclusivamente por médicos e profissionais de saúde que seguem protocolos e evidências científicas.

Nosso Programa Nacional de Imunizações tem como marco o ano de 1973, com o término da campanha de erradicação da varíola no país, iniciada em 1962. Ao longo das décadas, transformou-se em exemplo brasileiro de sucesso em todo o mundo, pela sua capacidade de articulação em aplicar mais de 10 milhões de doses de vacinas em áreas urbanas e rurais, em um único dia. São mais de 300 milhões de doses de vacinas por ano para estados e municípios, incluindo crianças, adolescentes, adultos e idosos. Felizmente, a população brasileira aprendeu a confiar nas vacinas e o nosso país tem uma das maiores taxas de aceitação vacinal. Motivo de orgulho.

O Programa Nacional de Imunização, o Sistema Único de Saúde (SUS), a integração entre gestores municipais, estaduais e o governo federal são fundamentais de serem reforçados e seguidos por todos. O Brasil precisa de dirigentes honestos e competentes, mais do que nunca. Temos que blindar e proteger a população contra o vírus e também contra os falsos líderes.

A vacina representa proteção individual e também da família. É um ato de solidariedade e de vida e um direito de todos. Só assim, iniciaremos uma nova fase que nos levará a vencer a doença e, com calma e respeito, chorar os que faleceram em virtude da Covid-19 e, em paz, nos solidarizar com todos os brasileiros.

A Academia Nacional de Medicina, uma instituição quase bicentenária, se mantém otimista quanto ao futuro, mas preocupada com o presente e as ações equivocadas do passado e lamenta as muitas mortes desnecessárias ocorridas e que ainda ocorrerão, pelo atraso na vacinação e pela liderança mentirosa de muitos. Com o uso da vacina, medidas de proteção individuais e coletivas, acompanhamento médico e o apoio aos avanços da ciência, ao lado de bons exemplos e da execução adequada de planejamento estratégico, poderemos iniciar uma nova fase e vencer a doença.

A comunidade científica em um ano trouxe a vacina. A luta continua. Estamos em guerra. Contra o vírus, a ignorância e os inimigos internos. Os primeiros medicamentos reais estão sendo desenvolvidos e, talvez, disponíveis nos próximos meses. Grandes esperanças. A comunidade cientifica brasileira tem competência e precisa participar desses estudos. Necessitamos, no entanto, de recursos e flexibilização de regras para sermos competitivos e rapidamente fazermos os avanços acontecerem no Brasil.

Vacinem-se! Exijam a vacina!! Mas continuemos todos usando máscaras, praticando o isolamento social e lutando!

*RUBENS BELFORT JR, PRESIDENTE DA ACADEMIA NACIONAL DE MEDICINA, JORGE ALBERTO COSTA E SILVA, EX-PRESIDENTE DA ACADEMIA NACIONAL DE MEDICINA, FRANCISCO SAMPAIO, EX-PRESIDENTE DA ACADEMIA NACIONAL DE MEDICINA, PIETRO NOVELLINO, EX-PRESIDENTE DA ACADEMIA NACIONAL DE MEDICINA

Estadão
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