Twitter aponta publicação da Saúde sobre como 'enganosa'
Mensagem foi marcada como 'potencialmente prejudicial' pela plataforma
Uma publicação do Ministério da Saúde no Twitter foi marcada pela plataforma neste sábado, 16, como "potencialmente prejudicial" e com "informações enganosas" ao incentivar o suposto "tratamento precoce" contra a covid-19. Na véspera, uma postagem do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na rede já havia recebido o mesmo aviso por apresentar conteúdo similar.
Na publicação, o Ministério da Saúde afirma: "Quanto mais cedo começar o tratamento, maiores as chances de recuperação. Então, fique atento! Ao apresentar sintomas da Covid-19, #NãoEspere, procure uma Unidade de Saúde e solicite o tratamento precoce". Apesar de defendido pelo presidente e pelo ministro Eduardo Pazuello, o suposto "tratamento precoce" contra a covid-19 não tem respaldo científico.
"Este Tweet violou as Regras do Twitter sobre a publicação de informações enganosas e potencialmente prejudiciais relacionadas à COVID-19", afirma a plataforma. A empresa, entretanto, decidiu manter o texto no ar, alegando que o acesso a seu conteúdo "pode ser do interesse público".
Procurado, o ministério não se manifestou sobre o alerta do Twitter. Rejeitada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), entre outras entidades, a prescrição de medicamentos como a ivermectina e a hidroxicloroquina virou aposta do governo Bolsonaro. Após dois ministros (Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich) deixarem a pasta da Saúde por divergências com o presidente, coube ao general Eduardo Pazuello mudar a orientação da Saúde sobre o uso destes fármacos, que passaram a ser indicados desde o primeiro dia de sintomas da doença.
Mesmo alertado sobre o colapso de saúde em Manaus, Pazuello e sua equipe voltaram a apostar no "tratamento precoce" como saída para a crise na capital do Amazonas. Nesta semana, o general pressionou médicos a prescreverem medicamentos de eficácia questionada e lançou na cidade o TrateCOV, aplicativo que ajuda no diagnóstico da covid-19 e sugere o uso do tratamento precoce. Bolsonaro culpou a falta deste tratamento pela crise na cidade, que está sem oxigênio para pacientes da covid-19 e bebês prematuros.
Sob ordem de Bolsonaro, o laboratório do Exército turbinou a sua produção de cloroquina e fez mais de 3,2 milhões de comprimidos na pandemia. Em novembro de 2020, havia cerca de 400 mil unidades em estoque. O País também recebeu cerca de 3 milhões de comprimidos de hidroxicloroquina do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e da farmacêutica Sandoz, mas até dezembro não conseguiu distribuir nem sequer 500 mil unidades. Além da baixa procura, o fármaco foi enviado em caixas com 100 ou 500 comprimidos e precisa ser fracionado - com custo repassado a Estados e municípios.