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SP vacina 73% do público-alvo contra gripe e fica abaixo da média do País

Piores índices de cobertura no Estado estão entre gestantes e crianças, diz secretaria; governo federal vai ampliar oferta do imunizante a toda a população

1 jun 2019 - 03h10
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SOROCABA - O País chegou nesta sexta-feira, 31, ao último dia da Campanha Nacional de Vacinação contra Gripe sem bater a meta de 90% de imunização do público-alvo (crianças, idosos, grávidas, entre outros). No total, 47,5 milhões receberam a proteção - o que equivale a 79,9% desse grupo prioritário.

O Estado de São Paulo teve 73,2% de cobertura vacinal e está entre os três Estados com o pior índice, atrás apenas do Acre (73%) e do Rio de Janeiro (63,7%). Diante disso, o Ministério da Saúde decidiu estender a oferta de imunizantes a toda a população a partir de segunda-feira, 3, enquanto durarem os estoques.

A campanha nacional teve início em 10 de abril. Segundo o governo federal, aproximadamente 11,9 milhões de brasileiros do público-alvo estão sem a proteção recomendada. A escolha do público prioritário segue recomendação da Organização Mundial de Saúde.

Segundo a recomendação passada pelo ministério aos Estados e municípios, os grupos do público- alvo da campanha, que tinham atendimento exclusivo até agora, vão continuar com prioridade no atendimento. Ainda restam cerca de 17,2 milhões de doses de imunizante em todo o País.

Em várias cidades do interior paulista houve corrida aos postos de saúde nos últimos dias. Em Ilhabela, no litoral norte, os estoques já tinham acabado na tarde de anteontem, quando o índice de vacinação do público-alvo atingiu 83,5%. "A Vigilância municipal solicitou ao Estado para que seja verificada a possibilidade de remanejar mais doses para a cidade, a fim de continuar a vacinação", informou a prefeitura.

Segundo a diretora de Imunização da Secretaria Estadual da Saúde, Helena Sato, os piores índices de cobertura vacinal estão entre gestantes e crianças, os mais importantes grupos prioritários. Para ela, ainda há resistência à vacinação.

"A grávida tem a preocupação de que a vacina seja transmitida ao bebê. O que ela ignora é que a gravidez, principalmente no estágio final, aumenta muito o risco de um agravo, como pneumonia, com internação hospitalar, em caso de gripe." Já as mães, segundo a especialista, temem que a vacina produza a doença ou traga outros efeitos sobre suas crianças. "É o contrário: a vacina não faz nenhum mal e protege", disse.

Nesta semana, o ministro Luiz Henrique Mandetta ressaltou que o fato de o Estado de São Paulo ter casos de sarampo - na capital foram 14 registros confirmados da doença este ano - torna a vacinação contra a gripe ainda mais necessária, pelo risco de complicações.

Sobre o Rio de Janeiro, Mandetta destacou a associação perigosa entre a tuberculose e a gripe. "Daqui a 60 dias, provavelmente muitas pessoas com tuberculose, com pneumonia podem pegar gripe. Aí vão procurar atendimento e vai ser um colapso", afirmou o ministro, durante visita a Sorocaba.

A vacina produzida para 2019 teve mudança em duas das três cepas e protege contra os três subtipos do vírus que mais circularam no hemisfério sul no último ano.

Mortes

Este ano, até 11 de maio, foram registrados 807 casos de síndrome respiratória grave aguda por influenza em todo o Brasil, com 144 mortes. O subtipo predominante no País é o vírus influenza A (H1N1), com registro de 407 casos e 86 óbitos.

No mesmo período do ano passado, haviam sido 1.326 casos, com 214 óbitos por influenza. A predominância também foi do vírus A (H1N1). Em São Paulo, foram 51 óbitos este ano, segundo o Ministério da Saúde - a pasta estadual não divulgou o número.

No ano passado, no mesmo período, foram 71 mortes.

Conforme o ministério, todos os Estados estão abastecidos com o fosfato de oseltamivir, o antiviral para influenza disponível na rede pública. Para o atendimento em 2019, a pasta já enviou aproximadamente 9,5 milhões de unidades do medicamento aos Estados.

De acordo com especialistas, o tratamento deve ser realizado, preferencialmente, nas primeiras 48 horas após o início dos sintomas.

3 perguntas para...

Nancy Bellei, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia e professora da Unifesp

1. O que esperar da gripe este ano?

Estamos com aderência menor de vacinação e ainda não chegamos no pico do inverno. É possível ter maior taxa de ataque em vários Estados de H1N1, H3N2 e influenza B. Com mutações virais e assistência médica muitas vezes complicada, eventualmente, podemos ter situação mais intensa nas próximas semanas ou meses. O influenza é imprevisível. O único jeito é se prevenir.

2.Mesmo com as mutações do vírus, a vacina é altamente recomendável. Por quê?

Ela é sempre recomendável. Nunca temos uma única cepa circulando nem em uma mesma cidade. Em um município pequeno, teremos um pouco de influenza B, de H1N1 e H3N2. E mesmo entre esses tipos e subtipos, há diversidade. A vacina pode não proteger 100%, mas terá proteção parcial. A imunidade de influenza é extremamente complexa: depende das primeiras infecções que tivemos na vida, das vacinas, da faixa etária e do quanto o vírus está circulando. O ideal é diminuir a taxa de ataque, e isso é possível por meio de medidas preventivas e pela vacinação.

3. Qual o risco de baixa cobertura, especificamente entre crianças e grávidas?

Crianças de 3 a 6 anos são potenciais transmissoras e as menores de 2 têm quadros mais graves. Já a grávida com influenza pode perder o bebê e desenvolver pneumonia e outras complicações. Quando tem temperatura elevada (febre da mãe), o feto sofre. É gravíssimo não vacinar. / COLABOROU JÚLIA MARQUES

Estadão
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