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Secretário nega subnotificação de coronavírus em Minas Gerais

Avaliação é de que Estado tem número inferior de casos de covid-19 do que São Paulo e Rio devido à menor ligação com o exterior

30 mar 2020 - 23h41
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BELO HORIZONTE - No mesmo dia em que anunciou a primeira morte por covid-19, o governo de Minas Gerais informou que vai manter os estudos, iniciados nesta segunda-feira, 30, para reduzir o isolamento social e reativar setores econômicos no estado. O secretário de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, afirmou, porém, que nada será feito "de um dia para o outro". "Estudo é diferente de implementação", disse.

Hospital Biocor, onde a primeira pessoa morreu por coronavírus em Minas Gerais
Hospital Biocor, onde a primeira pessoa morreu por coronavírus em Minas Gerais
Foto: Divulgação/Hospital Biocor / Estadão

O secretário negou haver a possibilidade de estar ocorrendo subnotificações para casos de coronavírus em Minas, apesar de reconhecer a existência de sobrecarga no processamento dos testes por parte da Fundação Ezequiel Dias (Funed), entidade estatal encarregada da realização de exames para diagnóstico do covid-19.

A justificativa dada para a declaração de que não há subnotificação é que, conforme o secretário, os postos de saúde e hospitais do Estado, neste momento, funcionam dentro da normalidade. "De forma geral, a rede ainda trabalha de forma razoável", declarou, em entrevista coletiva remota a partir da Cidade Administrativa. O secretário não apresentou números das internações.

Amaral avalia que o fato que faz com que Minas Gerais tenha números inferiores de casos e mortes pela covid-19 que São Paulo e Rio de Janeiro é que o Estado tem menor ligação com o exterior na comparação com os vizinhos. A expectativa do secretário é de aumentar ainda nos próximos dias a capacidade de processamento de exames por parte da Funed.

Cobrança. O Estado de Minas passou a ser pressionado pelo Ministério Público depois de o anúncio feito na semana passada pelo governador Romeu Zema de que, a partir desta segunda-feira, 30, o estudo para retorno da atividade econômica seria iniciado. A procuradoria emitiu no domingo, 29, ofício enviado à Secretaria de Saúde "em que solicita que sejam informadas "eventuais mudanças que venham a flexibilizar as medidas propostas pelo Estado para a restrição do convívio social, as quais têm por objetivo o controle da velocidade de propagação da covid-19 e a redução dos impactos para o SUS em Minas Gerais".

Segundo os promotores, "a flexibilização das regras de restrição do convívio social merece redobrada cautela no momento atual, haja vista a reconhecida subnotificação de casos confirmados, que é decorrente, entre outros fatores, do uso restrito dos testes para covid-19 para pacientes graves e profissionais de saúde, assim como das limitações de capacidade do laboratório da Funed (Fundação Ezequiel Dias, para processar todos os exames encaminhados, o que tem gerado grande represamento".]

O secretário adjunto de Saúde, Luiz Marcelo Cabral Tavares, disse que o governo vê a solicitação com "naturalidade" e que as informações serão repassadas ao MP e à sociedade.

A primeira morte por covid-19 em Minas Gerais foi notificada nesta segunda-feira pela Prefeitura de Nova Lima, na Grande Belo Horizonte, cidade que faz limite com a capital. A vítima é uma idosa de 82 anos que morreu no hospital Biocor. O Estado tem até o momento 29.724 casos suspeitos e 261 casos confirmados da doença. Outras 23 mortes são investigadas.

Estadão
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