Poluição do ar sobrecarrega postos de saúde; ministra quer tenda de hidratação e nebulização
Pasta pretende incentivar Estados e municípios a instalarem estruturas em razão dos efeitos do tempo seco. Força Nacional intensificará visitas a áreas afetadas
A fumaça de queimadas e a poluição sobre as cidades, cenário que é favorecido pelo tempo seco, tem causado sobrecarga de atendimentos nas unidades de saúde, como visto em diferentes localidades do interior paulista. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse nesta quarta-feira, 11, que o governo vai incentivar Estados e municípios a instalarem tendas de hidratação com água potável e possibilidade de nebulização.
O Ministério da Saúde anunciou medidas e orientações para a redução de danos à saúde diante do avanço das queimadas no Brasil. O cenário se dá em conexão com a maior seca vivenciada pelo Brasil nos últimos 70 anos. A previsão é que o quadro se agrave nos próximos meses.
A ministra afirmou que a Força Nacional de Saúde intensificará suas visitas às áreas mais afetadas para reforçar os atendimentos emergenciais. Embora esse trabalho já estivesse em andamento, será ampliado devido ao agravamento da situação.
Nísia destacou nesta quarta a urgência da situação, onde a seca e o calor intenso em um período atípico se soma às queimadas, atingindo 60% do território. "Uma das consequências disso tem sido um aumento da busca por atendimento nas unidades públicas de saúde, com crises alérgicas, doenças respiratórias, além de sintomas comuns da exposição a esse tipo de problema, como náuseas, vômitos e dores de cabeça", destacou.
O presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Hisham Mohamad Hamida, destacou que as unidades de saúde estão sobrecarregadas, especialmente em cidades como Araçatuba, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, no interior paulista, além da capital.
A ministra também aproveitou para ressaltar os riscos de problemas cardiovasculares que podem ser ocasionados nesse cenário, alertando para sintomas como dores intensas de cabeça, no peito e abdômen. Um estudo recente, mencionado em reportagem do Estadão, demonstrou que indivíduos expostos à poluição de grandes cidades tinham mais fibrose cardíaca, um indicador de doenças do coração.
Também será lançado um guia para profissionais de saúde locais com orientações sobre o atendimento diante da emergência climática.
"As prefeituras devem repassar informações sobre qualidade do ar e temperatura, bem como sobre os possíveis riscos que essas variáveis podem gerar, especialmente para os grupos de risco, como idosos e crianças, que muitas vezes não percebem os sintomas da desidratação com tanta facilidade", destacou Nísia.
- Entre as recomendações emitidas pela Pasta, beber água frequentemente e manter o ambiente o mais úmido possível, seja por meio de umidificadores, baldes d'água ou toalhas molhadas, é a principal.
- Além disso, o órgão frisou que atividades físicas ao ar livre devem ser evitadas, assim como proximidade com os focos de queimadas.
- Para pessoas com comorbidades e com maior vulnerabilidade, como é o caso de gestantes, idosos e crianças, o trabalho junto às equipes de saúde deve ser ainda mais intenso, com atenção principalmente aos casos de náuseas, vômitos, falta de ar, tontura, confusão mental e dores intensas de cabeça, peito ou abdômen.
A ministra também aproveitou para mencionar os danos que o momento pode ocasionar à saúde mental. "Esses dias, em São Paulo, cidade que também vivencia a poluição em altos níveis, o dia se fez noite. Não são apenas as partículas de fumaça, poluição e os agravos da seca. Há um grande abalo emocional envolvido nisso", ressaltou a titular da Saúde, destacando o compromisso do departamento de saúde mental do MS no acolhimento de pessoas com esse tipo de problema.