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OMS sobre Manaus: 'Culpar vírus é fácil; é preciso aceitar responsabilidade por perda do controle'

Para diretor executivo da OMS, nova variante do coronavírus pode ter impacto no aumento de casos e no colapso do sistema de saúde de Manaus, mas festas e abandono do distanciamento social são os principais culpados

15 jan 2021 - 17h31
(atualizado às 17h41)
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O colapso do sistema de saúde de Manaus e a morte de pessoas por asfixia pela falta de oxigênio foram mencionados nesta sexta-feira, 15, pela OMS, como um chamado para que países não descuidem da prevenção à covid-19.

"O que está acontecendo em Manaus é um alerta para muitos países. Não deixem que uma falsa sensação de segurança baixe a guarda de vocês. Se vocês construíram uma infraestrutura, com leitos de UTI, oxigênio, não desativem isso, porque a pandemia não acabou ainda", afirmou a diretora-geral assistente da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mariangela Simão, durante entrevista coletiva.

O diretor executivo da OMS, Mike Ryan, afirmou que a situação na cidade se deteriorou significativamente e que todo o sistema parece estar implodindo.

"Um problema, que já vimos antes, de profissionais de saúde sendo afetados. Estamos ouvindo que muitos profissionais de vigilância estão afetados por covid-19, muitos dos trabalhadores de laboratórios estão sendo afetados pela transmissão comunitária. Isso é uma situação em que todo o sistema começa a implodir, porque os hospitais, o sistema de saúde pública, o sistema de laboratórios... essas pessoas também são parte da comunidade, se elas são infectadas, entra-se numa espiral negativa", afirmou.

Ele lembrou que o sistema já estava enfraquecido pela onda anterior da pandemia e alertou que ainda pode piorar. "Se continuar desta maneira vamos ter uma segunda onda ainda mais catastrófica do que foi a primeira em abril e maio no Amazonas. O sistema está com ocupação de 100%, sob extrema pressão", disse. Ele ressaltou, porém, que essa não é uma condição somente de Manaus, mas também de outros Estados, como Amapá e Rondônia, que também estão com alta ocupação de leitos de UTI, e de várias partes do Brasil.

Ryan comentou também sobre o possível impacto no aumento de casos da nova variante do coronavírus que foi identificada no Amazonas, mas apontou que a maior parcela de responsabilidade ainda é do relaxamento da população aos cuidados contra a doença.

"Ainda estamos por ver como essas novas variantes estão contribuindo para isso. Mas se olharmos para as curvas epidêmicas em vários países da América, no cone sul, vemos um rápido e exponencial crescimento em vários deles", disse.

"O aumento dos encontros entre as pessoas, a redução do distanciamento social, a fadiga, a exaustão estão levando a isso. A situação é difícil, e não são as novas variantes que estão levando a isso. Elas podem ter um impacto, mas é muito fácil jogar a culpa na variante, dizer que foi o vírus que fez isso. Infelizmente é também o que nós não fizemos que causou isso. Nós precisamos ser capazes de aceitar, como indivíduos, como comunidades e governos, nossa parte da responsabilidade para o vírus sair do controle", enfatizou.

Estadão
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