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OMS diz que aguarda resultados da Rússia para tomar posição sobre vacina contra covid-19

O diretor-assistente do braço da Organização Mundial da Saúde nas Américas disse que não é possível colocar uma imunização em uso sem que todas as fases de teste sejam concluídas

11 ago 2020 - 13h25
(atualizado às 17h14)
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O diretor-assistente da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Jarbas Barbosa, afirmou nesta terça-feira, 11, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) está em contato com autoridades russas para obter e checar os dados de eficácia e segurança da vacina contra covid-19.

"A princípio, o produtor da vacina tem que realizar ensaios clínicos de fase 1, 2 e 3. Isso é padrão no mundo todo. Não se pode utilizar uma vacina ou medicamento sem que essas etapas todas estejam cumpridas", afirmou o diretor durante coletiva da Opas, o braço nas Américas da OMS.

Barbosa acrescentou que a OMS só pode recomendar uma imunização depois de passar pela pré-qualificação, que demanda analisar os resultados do teste. "Só depois dessa revisão, de ter acesso a todos os dados de maneira transparente, é que a OMS poderá tomar uma posição e a Opas vai poder fazer uma avaliação, desta ou de outra vacina".

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou que o imunizante desenvolvido pelo Instituto Gamaleya foi o primeiro a ter regulamentação aprovada no mundo, mesmo sem conclusão da fase 3 de testes em humanos. Com isso, já é possível ter aplicação em massa em território russo.

O governo do Paraná deve anunciar na quarta-feira, 12, um acordo com o Ministério de Saúde do país para a produção de uma vacina contra o coronavírus. O acordo prevê que o Estado realize testes, produza e distribua a vacina.

O imunizante russo tem causado desconfiança e dúvidas na comunidade de cientistas pela possibilidade de "pular" etapas e pela falta de divulgação dos resultados. Dados e detalhes das fases anteriores dos testes clínicos, por exemplo, não foram publicados em nenhuma revista científica.

Vacina contra tuberculose e coronavírus

Questionado também sobre estudos que apontam que a vacina BCG, contra o bacilo causador tuberculose, poderia gerar imunização contra o novo vírus, Barbosa disse que as pesquisas ainda não são conclusivas. "De maneira alguma uma pessoa que tomou a BCG deve crer que está protegida da covid-19. Não há evidências para isso".

Ele declarou que foram registrados surtos sérios do vírus em cidades, Estados, países e regiões que utilizam o imunizante contra a tuberculose.

Brasil precisa fazer mais testes

Também na coletiva da Opas, o diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis da entidade, Marcos Espinal, afirmou que o País precisa continuar a implementar testagem para o novo coronavírus. "Ainda falta um longo caminho garantir que os testes estejam amplamente disponíveis para a população", declarou.

Espinal apontou que, embora dados apontem para uma espécie de achatamento da curva, não há consistência nos registros e, portanto, é necessário expandir o acesso aos testes para obter uma análise mais clara. "Não pensemos que o Brasil está fora do problema.

Nos últimos sete dias, a média móvel de novos óbitos foi de 1.022 a cada 24 horas, segundo dados do levantamento realizado pelo Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL. No total, o País soma mais de 3 milhões de casos e 101 mil óbitos.

O diretor também declarou que devido à extensão territorial nacional, não há uma unidade em relação à situação da pandemia. Ele citou São Paulo e Minas Gerais como alguns dos Estados que continuam a registrar alto número de novos casos e mortes diariamente.

Estadão
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